Política

Proposta de intervenção federal divide opiniões de deputados

Possibilidade de interferência do Governo Federal na saúde gerou divisão de opiniões entre os membros da Assembleia Legislativa de Roraima

A possibilidade de intervenção federal na saúde em Roraima frente à pandemia do novo coronavírus gerou uma divisão de opiniões entre os parlamentares estaduais, com alguns deputados sendo contra e outros favoráveis à mudança. 

Saiba a opinião de cada um:

Vice-presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Jânio Xingu (PSB): “A intervenção é ruim pois deixa a entender que o Governo do Estado não está preparado para gerir aquele segmento da sociedade, neste caso, a saúde. O que precisa na saúde é seriedade, são gestores sérios e competentes, com pessoas honestas, comprometidas, com a sociedade roraimense. Ou seja, a promoção da saúde pública”.

Deputado Gabriel Picanço (Republicanos):“Na minha opinião não há necessidade para uma intervenção. Tem que colocar as pessoas certas nos lugares certos. Minha opinião é que deveriam nomear como secretários de saúde os senhores: Mozarildo Cavalcanti, Augusto Botelho e Leocádio Vasconcelos”.

Deputada Catarina Guerra (SD): “Eu acredito sim que a intervenção federal na saúde seja algo bom se vier de forma a resolver os problemas recorrentes que a pasta carrega, porém, essa questão está totalmente ligada a outra, levando em consideração uma possível demora de instalação da equipe em Roraima. O que precisamos com urgência é entregar para a população os insumos necessários para a entrega e funcionamento do Hospital de Campanha, o que não pode ser afetado durante a transição. A pandemia está acontecendo e nenhuma questão política pode ultrapassar a importância da vida das pessoas”.

Deputado Soldado Sampaio (PC do B): “Não tenho condições de afirmar se essa [intervenção] seria a única alternativa. Acredito que podemos conseguir administrar a saúde,  o que precisamos é cada qual faça a sua parte,  governo e municípios, a classe política como toda e também a população. Não vejo que Governo Federal tenha condições de atender o pedido de intervenção, pois o próprio tem deixado a desejar no apoio aos estados e municípios. Até então que vem prevalecendo é um debate ideológico, esquerda e direita, oposição e situação e por aí vai,  ou seja, a sensação que temos é que em Brasília estão mais preocupados com questões políticas que com a doença em si”.

Deputado Coronel Chagas, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde na ALE-RR: “Sou favorável à intervenção federal. Pelas informações que nós já tínhamos pela CPI seria bom uma intervenção nesse momento. Nós já estamos no sexto secretário em cerca de um ano e meio e, muito embora o Governo queria implementar mudanças, me parece que há um sistema ali dentro que dificulta a gestão de qualquer pessoa que vá para ali. Já tivemos situação de intervenção que deram certo, como por exemplo no sistema prisional. Isso trouxe mais recursos, a chegada de agentes federais e o povo de Roraima não vê mais falar com tanta frequência a questão de fuga em massa e massacres em presídios. Ouve todo uma mudança geral que levou tranquilidade à sociedade. Na Sesau, acredito que possa ocorrer o mesmo”.

Deputada Yonny Pedroso (SD): “Venho há vários dias reforçando essa condição da intervenção e das dificuldades de gestão do governador. O roraimense sofre diariamente com falta de medicamentos, de equipamentos de proteção (epi’s), leitos, respiradores e a cada dia o número de óbitos só aumenta”.

Deputado Neto Loureiro (PMB), presidente da Comissão da Saúde da ALE-RR: “Toda ajuda é positiva. Intervenção federal, neste momento, reforçaria o combate ao coronavírus, uma vez que a saúde está em situação caótica há muitos anos e com essa doença entrou em colapso. Se o próprio secretário de saúde está pedindo intervenção, acredito que seria de suma importância para enfrentarmos este problema”.

Deputado Nilton do Sindpol (Patri):  “Sou a favor da intervenção federal na saúde pública do Estado. Na carta aberta a sociedade do primeiro secretário de saúde, o médico Aílton Wanderley, este deixou claro que existem quadrilhas que assaltam o cofre da Sesau, formada por parlamentares e empresários. Diante do pagamento antecipado dos respiradores por quase R$ 6,5 milhões, ficou claro que as quadrilhas continuam operando em plena pandemia. A intervenção federal seria um caminho para ajudar o chefe do poder executivo a se “livrar das amarras” dentro da Sesau”, informou.

Deputada Betânia Almeida (PV): “A intervenção federal se faz necessária na saúde. Nós identificamos mais de 20 processos com indícios de fraude, esse é o dinheiro do povo, que se tivesse sido bem aplicado não colocaria o risco da população. A intervenção federal vem para moralizar. Tem que deixar a politicagem de lado e fazer a coisa certa. Não dá mais para brincar. A intervenção federal é a nossa única saída. Eu espero que a intervenção traga uma equipe competente e honesta”.

Deputado Renato Silva (Republicanos): “A Secretaria de Saúde em Roraima tem muito recurso, o que falta é gestão, compromisso, honestidade e responsabilidade para conduzir aquela pasta. Nós enquanto parlamentares estamos investigando os escândalos de corrupção e superfaturamento por meio da CPI da Saúde e mostrando que os recursos que estão sendo desviados poderiam e deveriam estar sendo usados para combater a pandemia no Estado. Tudo isso atrapalha e só Deus sabe como isso será resolvido. No momento a única saída é a intervenção federal”. 

Deputado Renan Filho (Republicanos): Sou contra uma intervenção federal no sistema estadual de saúde. Neste momento de pandemia não devemos nos ater se alguém é da situação ou oposição, mas sim, nos unirmos para combater este vírus,   mostrando soluções plausíveis e não “achismos” desnecessários de quem quer que seja. Se o governador Antônio Denarium confiou a função ao secretário Olivan Júnior, ele quer passar a responsabilidade ao Governo Federal porquê? Acredito que esta é uma atitude precipitada. Eu o respeito como ser humano e profissional, mas, se ele não tem condições de administrar e gerir esta crise, que informe ao governador para que então o governador possa escolher  alguém qualificado e apto para a função. Reafirmo, este não é o momento para inflamar ainda mais a crise no setor. Mas sim, de buscarmos soluções imediatas e a médio e longo prazo, pois saúde é coisa séria e que necessita de ações  muito bem administradas”.

A Folha entrou em contato com os demais deputados estaduais, porém, não recebeu retorno até o fechamento da matéria. (P.C.)