Política

Secretário de Saúde diz que Estado se prepara para terceira onda

Parlamentares questionaram sobre ausência de profissionais nas unidades de saúde, de medicamentos, calendário de vacinação e o suprimento de médicos sem a cooperativa

Após ter sido convidado por parlamentares da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o secretário estadual de Saúde, Marcelo Lopes, e o secretário estadual-adjunto, Alexandre Salomão, estiveram nesta quinta-feira (4), na Casa Legislativa apresentando informações sobre o combate á Covid em Roraima.

O titular da pasta apresentou informações sobre vacinação, denúncia sobre ausência de profissionais da saúde e de medicamentos, e sobre o contrato com a Coopebras (Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde).

A apresentação do secretário durou mais de quatro horas. Vários deputados, presencial e pessoalmente, questionaram do secretário sobre a atual situação da Saúde no Estado e o que a gestão tem feito para sanar as faltas de médicos na Capital e no Interior, de insumos, suspensão de cirurgias eletivas e se há calendário de vacinação contra a covid-19.  

Marcelo Lopes começou com a explicação sobre uma frase usada por ele na reunião de secretários estaduais ocorrida na semana passada em que falou: “Todos nós sabemos o que precisa ser feito, todos nós sabemos o que vai acontecer. É com uma clareza cristalina e a gente continua assistindo, a gente assistiu a primeira onda, estamos assistindo a segunda onda”.  

“Quando eu disse que a gente já sabe o que vai acontecer, uso como exemplo o que Roraima já passou”, disse o secretário, na tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima. Contou que era esperado avanço da doença depois do primeiro turno das eleições municipais e festas de fim de ano, e que para conter o avanço, seriam necessárias medidas mais severas.  

Para enfrentar a segunda onda da doença, ressaltou Marcelo Lopes, houve aumento de 20 para 90 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para covid-19 no HGR (Hospital Geral de Roraima), realização de seletivo para contratação de pessoal e a busca no mercado por insumos, locações de UTIs particulares e medicamentos que passaram a faltar nas unidades de saúde. 

“Tomamos todas as medidas e em Roraima ninguém morreu na calçada, não morreu sem medicamento e sem assistência”, destacou Marcelo Lopes, afirmando que no Estado há três variantes do novo coronavírus.

A média de internação é de 21 dias para pacientes acometidos pela covid em Roraima, e para frear este avanço, seriam necessárias medidas mais rígidas e tempo suficiente para superar este período, por isso, ele pediu que a população colabore. “É fácil afirmar que teremos a terceira onda porque não conseguiremos vacinar a população dentro do tempo necessário”. 

Marcelo Lopes disse ainda que os grupos prioritários serão vacinados até o início de abril quando serão encaminhadas as vacinas. Quanto ao modelo de vacinação inserido em Boa Vista, ele afirmou estar de acordo com a determinação do Ministério da Saúde e por não haver o imunizante para todos. “Temos que nos unir para quando chegar a terceira onda ela seja suportável e para não chegarmos pela quarta onda”.  

Diversos questionamentos foram feitos pela deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), entre eles a transição com a saída da Coopebrás, médicos para o município de Rorainópolis (Sul de Roraima), a revalidação de diploma de médicos adquiridos no exterior, o funcionamento do Hospital Estadual, a volta das cirurgias eletivas e solicitou, ainda, a inclusão dos profissionais da imprensa no grupo prioritário para vacinação.  

Em resposta, Marcelo Lopes falou sobre a contratação de profissionais pelo Modelo de Gestão Integrada do Sus (Sistema Público de Saúde) que resultou em mais 300 médicos para o Estado. Contou que o Hospital Estadual será usado para atender as pacientes da Maternidade enquanto durar a reforma e ampliação do prédio, e que estuda ampliar os grupos prioritários de acordo com disponibilidade das vacinas.  

Como forma de desabafo, o deputado Renan Filho (Republicanos) solicitou que a Sesau amplie um canal de contato da população com a Pasta para atender as demandas, denúncias e reclamações de quem precisa das unidades de Saúde estadual.  

De forma virtual, a deputada Yonny Pedroso (SD) solicitou informações quanto às mudanças na maternidade. Segundo denúncias apresentadas por ela, as pacientes estão sem leitos e sem medicamentos e não há espaço para receber as mulheres com covid-19.

O secretário afirmou que as medidas para melhorias no funcionamento da unidade estão sendo adotadas e um modelo de controle passou a ser adotado pela gestão. Outro ponto é a falta de ginecologistas/obstetras para atender as demandas.

“Por isso trabalhamos para resolver o PCCR [Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração], a gente acredita que vai conseguir conquistar novos ginecologistas/obstetra com os novos valores”. 

A dúvida da deputada Tayla Peres (PRTB) foi quanto ao quantitativo de vacinas disponíveis para Roraima, e se há sobra do imunizante, pois a informação é de que há 108 mil doses. Marcelo Lopes disse que desse total, mais de 77 mil são para os indígenas aldeados.  

O deputado Gabriel Picanço (Republicanos) questionou sobre a liberação do transporte interestadual e a análise do avanço da doença classificada em cores. De acordo com o titular da Sesau, Roraima está na faixa vermelha com a tendência de reduzir para o laranja. Quanto à fiscalização nos transportes, o Estado implantou barreiras sanitárias no Jundiá (Rorainópolis) e no aeroporto internacional de Boa Vista.  

Jeferson Alves (PTB) elogiou a atuação de Marcelo Lopes a frente da Sesau e perguntou sobre o Fundo Estadual de Saúde. De acordo com Marcelo Lopes, atualmente o Fundo possui, em média, R$ 30 milhões, menos de R$ 10 milhões são livres, mas o Estado tem verba suficiente para comprar vacinas. “Temos dinheiro para comprar 500 mil doses de vacina.

A Astrazeneca, Coronavac é do Governos Federal, Sputnik é do Governo Federal e o Governo Federal tem dinheiro em caixa para pagar as 233 milhões de doses”.  

Com discurso direcionado à população, a deputada Catarina Guerra (SD) pediu mais consciência da população para conter a doença e para não espalhar notícias falsas. “Essa união que nós temos buscado fazer é o que vai nos levar a superar a terceira onda. Depende de cada ação nossa”.