Política

Senado vai enviar Comissão para vistoriar terra Yanomami

Uma comissão de senadores e deputados devem vir à Roraima verificar a situação do povo Yanomami

A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou uma diligência a Boa Vista, capital de Roraima, para tratar sobre os assassinatos e outras violências que vêm ocorrendo na Terra Indígena Yanomami. 

Deverá ser constituída uma comitiva com a Câmara Federal e a viagem está marcada para 12 de maio. Os senadores querem observar como está a comunidade em meio ao garimpo ilegal na região.

Deputada de Roraima

Na Câmara, a deputada federal Joenia Wapichana (Rede/RR) solicitou à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), principal comissão da Câmara, a criação de um Grupo de Trabalho para acompanhar a situação do povo indígena Yanomami. A solicitação feita na última na sexta-feira, 29, reúne apoio de 16 parlamentares de diferentes partidos da Oposição.  
 
“Já protocolei uma série de requerimentos, pedidos de diligências, para que a Câmara possa acompanhar essa situação bastante grave que o povo yanomami está sofrendo e novamente, mais um requerimento na principal comissão, a CCJC, para que possa se debruçar, debater e encaminhar algumas recomendações”, disse a deputada, na espera de que o requerimento seja aprovado.  

Denúncia do Povo Yanomami

No Senado, o requerimento foi feito pelo senador Humberto Costa (PT/PE), a partir de pedido de Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Yek’wana (Condisi-YY).

“Os garimpeiros tomaram conta da nossa terra. Eles têm 3.500 pontos de logística em nosso território tradicional, 800 currutelas (vilas de lonas improvisadas nas matas) cada uma com 15 a 20 prostitutas brancas, em festas com forró, em bares. Violentam mulheres e meninas Yanomami. E as autoridades querem um corpo, querem provas, pra tomarem providências”, exclamou Júnior Yanomami.

Júnior mostrou um vídeo gravado por ele próprio em que um garimpeiro insiste com um parente para que desminta a denúncia de estupro e morte da menina de 12 anos que ocorreu na segunda-feira, 25 de abril, que ele soube poucas horas depois de fazer outras denúncias no Senado.

Ele ainda comentou que na quarta-feira, 27 de abril, esteve no local em que ocorreu os crimes, na aldeia Arakaça, com uma comitiva do Ministério Público Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Federal e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
O corpo não foi encontrado, pois os parentes o cremaram. “As autoridades precisam entender que a cremação é uma questão cultural”, exclamou.
A aldeia foi encontrada incendiada. Cerca de 25 indígenas que viviam no local sumiram na mata.

Incêndio em posto de gasolina

O líder Yanomami conta que durante a visita a Polícia Federal incendiou um supermercado e um posto de gasolina clandestinos, perto do rio Uraricoera, ao lado da aldeia Arakaça. “O posto de gasolina tinha cerca de 20 mil litros de gasolina em carotes (galões)”. Ele disse que são feitos entre 80 e 100 voos de helicópteros todos os dias no território indígena, que é demarcado e homologado.

O caso

Uma menina ianomâmi de 12 anos foi estuprada até a morte por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na área de Waikás, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, segundo denúncia feita por Júnior Hekurari, líder indígena na região, no dia 25 de abril. Naquela data, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que havia entrado em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e que os fatos estão sendo apurados.

O relato foi feito por Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yekwana (Condisi YY), em vídeo publicado na noite do dia 25 em sua rede social. Os garimpeiros, conta ele, aproveitaram quando a maior parte dos indígenas estava caçando para invadir a comunidade.

A Terra Indígena Yanomami é a maior reserva do país, possui mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados do Amazonas e Roraima. Mais de 28,1 mil indígenas que vivem na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.