Política

Uiramutã vive um abandono de quase 30 anos

Terra de gente hospitaleira, trabalhadora e dona de uma das belezas naturais mais ricas e intactas do nosso país. Assim eu poderia definir Uiramutã em uma frase não fosse o abandono em que o município foi condenado a viver desde sua criação, em 1995.

Daquele tempo até aqui são quase três décadas à espera de promessas nunca cumpridas, um descaso absoluto de sucessivos mandatos políticos. Sem compromisso algum, desprezam e isolam 11.014 mil habitantes, como se não fossem importantes e só contassem como estatística do IBGE.

O que se ouviu muito por lá nesses quase 30 anos foi um tal de “vou trazer recursos” sem fim que ficou mesmo só no discurso. Na prática, faltam energia, água potável, saneamento básico, internet e estradas para escoar a produção – sequer um mínimo de incentivo à agricultura familiar não se pode contar porque faltou o recurso que prometeram lá atrás.

Uiramutã é a terra que transborda em belas cachoeiras, mas mendiga em sua área urbana sem infraestrutura por faltar apoio de todos os lados. Falta quem grite por eles em Brasília. Falta quem reclame sua fatia no orçamento da União, falta voz no Congresso Nacional que garanta ao município mais setentrional do país condições de investir no seu potencial turístico e se tornar uma grande economia para o Estado de Roraima.

Infelizmente, Uiramutã tornou-se o lugar da falta. É tanta falta que os moradores até pensam que é normal viver sem escolas para suas crianças. E, se não tem para os pequenos, quem dirá para os grandes. Adolescentes e um amontoado de jovens se veem sem perspectiva de um futuro melhor, sem oportunidades de trabalho e vulneráveis à oferta e consumo de drogas.

Ao andar pelo município, vi o quanto nossos políticos poderiam ter feito esses anos todos, mas nada fizeram para o seu desenvolvimento. E essa conta não pode sobrar para a prefeitura, pois nós sabemos o quanto as cidades do interior dependem de recursos federais para implementarem políticas públicas.

E é sobre esse ponto que faço a pergunta: o que a bancada federal fez pelo Uiramutã esse tempo todo? São quase 30 anos sendo excluído da pauta em Brasília, quase 30 anos batendo de porta em porta em busca de emendas, reivindicando por investimentos e nada avançou senão algumas migalhas que mal dão para atender às necessidades mais urgentes.

Uiramutã retrata bem o desprezo que alguns políticos têm com essa terra tão rica e próspera chamada Roraima. Que só é lembrada (e visitada) em tempos de campanha política, quando os manjados do poder querem resolver tudo num abraço e tapinha nas costas.

Mas o povo está atento e sabe o quanto tem custado acreditar em falas bonitas que nunca resolveram nada. Uiramutã, em seus quase 30 anos de abandono, serve como exemplo de que as nossas escolhas, mais do que nunca, devem ser responsáveis para que não se pague um preço tão alto e amargure no atraso.

Espero, sinceramente, voltar a falar do Uiramutã aqui trazendo boas notícias que aqueles moradores todos merecem. Começar meu texto dizendo que, além de um terra de gente hospitaleira, trabalhadora e dona de uma das belezas naturais mais ricas e intactas do nosso país, o município saiu do abandono e vive um novo tempo.

Ozéas Colares

Pré-candidato ao Senado pelo Podemos

Auditor Fiscal de Tributos