Política

Veterinário alerta que apenas barreiras não resolvem problema 

Especialista afirma que é preciso pensar em combater diretamente o foco do problema, e não apenas mudar barreiras

MARCOS MARTINS

Colaborador Folha

A mosca da carambola tem sido um dos assuntos mais discutidos em Roraima desde que um foco da praga foi encontrado por produtores no fim do ano passado e outro também neste ano. Em entrevista para o programa Agenda da Semana do último domingo (11), o médico veterinário Vicente de Paula Vasconcelos Barreto destacou que apenas barreiras fitossanitárias não resolverão o problema.

Para o veterinário, o estado paga muito caro com essa situação. “Nós despontamos como um dos maiores produtores de frutas e a tendência era crescer. O estado paga um preço muito alto e o que falta é querer resolver o problema. Fortalecer apenas barreiras não resolve o problema. Claro que elas são importantes, mas aí acha outro foco, suspende de novo exportações, e as barreiras só vão avançando”, destaca o médico.

A situação tem causado prejuízo para os horticultores e o Ministério da Agricultura já pediu que Roraima mude a localização das barreiras fitossanitárias que combatem a mosca. Para o veterinário, falta eficiência para resolver o problema diretamente no foco. “Não dá para combater um inseto apenas da forma como estamos fazendo, mas é possível resolver desde que tenhamos eficiência. A forma do controle de trânsito e o combate da mosca ninguém discute. Precisamos melhorar nossas barreiras e condições para nossos técnicos além de discutir um programa que em momento algum definiu a ação no foco da mosca e é por isso que estamos perdendo o controle”, avalia ainda.

A mosca da carambola vem da Ásia e, embora tenha preferência pela carambola, ataca mais de 20 espécies de frutas. “Ela contamina outras frutas carnosas, como manga, jambo, pimenta, tomate, caju e espécies nativas, atrasando o desenvolvimento da fruta e reduzindo o tempo de durabilidade dela na prateleira. Não causa nenhum mal a saúde humana mesmo se uma pessoa comer uma fruta contaminada com a mosca”, explica Vicente.

Para o veterinário o problema também é econômico, social, ambiental e precisa ser visto como uma preocupação federal. “Ninguém faz defesa agropecuária pensando em nosso território, somente. É uma questão internacional também. Tem que pensar em todo o bloco e o País precisa se envolver. Estamos em 2019. A mosca está batendo na capital e continuamos falando somente em liberação de recursos, estruturação de barreiras, em controle e medidas para mitigar em áreas de produção”, analisa.

Na última semana, o Governo Estadual afirmou que busca articular meios para que a interdição das exportações de frutas seja suspensa em no máximo 60 dias. Para Vicente, a chance de erradicar de vez o problema da mosca tem sido perdida apenas com medidas paliativas. “Estamos perdendo a oportunidade de combater uma praga que, segundo os agrônomos, é possível erradicar tendo um método de controle bom, porque se não fosse assim já teríamos deixado essa praga entrar no Amazonas aqui por Roraima. Vamos ficar com mais paliativos, gastando dinheiro e sem resolver o problema com competência e eficiência que nós temos aqui em Roraima”, afirma o entrevistado.