Política

Wagner Feitosa retoma mandato de vereador

Vereador foi posto em liberdade e protocolou documento para retornar às atividades na Casa

O vereador Wagner Feitosa (SD) tomou posse na Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) no início da tarde de quinta-feira, 27, após ser posto em liberdade provisória. O parlamentar estava detido desde março do ano passado, respondendo acusação de Peculato.

Na época de sua prisão, fruto da Operação Saturno do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Roraima (MPRR), o parlamentar foi detido com mais dois servidores. 

Na semana passada, os dois servidores foram liberados pela juíza Daniela Schirato, da Vara de Crimes de Tráfico de Drogas e Organização Criminosa, para aguardar o término do processo em liberdade, algo que fortaleceu a liberação de Wagner.

“Não havia razão nenhuma para a prisão dele sendo que os demais já estavam em liberdade. Fizemos um pedido para a juíza, o Ministério Público foi favorável e ela concedeu”, explicou o advogado do parlamentar, Guilherme Coelho.

POSSE – Com a sua saída, a equipe do vereador protocolou um documento junto à Câmara Municipal requerendo retorno imediato às atividades. De acordo com a Assessoria de Comunicação da Casa, o documento foi avaliado pela equipe jurídica e liberado, “conforme amparo pelo Regimento Interno”. Com isso, o parlamentar já retorna às atividades da Casa a partir de hoje, em expediente interno.

À Folha, o presidente da Câmara Municipal, Mauricélio Fernandes (MDB), informou que a posse ocorreu na tarde de ontem, após entender que a medida era cabível. “No meu entendimento não há nada que impeça dele assumir o cargo. Então, tão logo ele entrou com o requerimento solicitando a vaga como titular, nós analisamos e demos posse ao vereador que é o titular da vaga. Uma vez que ele venceu as eleições com um número expressivo de votos”, declarou.

“Paguei pelo que não devo”, diz Vereador 

Em entrevista para a Folha, o vereador Wagner Feitosa informou que promove na manhã de hoje, 27, uma coletiva de imprensa na Câmara Municipal, onde deve dar mais detalhes sobre o seu retorno a Casa. O parlamentar afirma que os motivos que levaram a sua prisão são oriundos de esquema político para perda do seu mandato.

“Sempre falei que eu estava pagando pelo que não devo. Mas vou mostrar todas as provas e todas as covardias que foram feitas para tirarem a minha cadeira. Não é justo tentar tirar o espaço dos outros à força”, declarou.

Com relação ao retorno a suas atividades na Câmara Municipal, Feitosa afirmou que quer retomar os projetos parados voltados para área do social e do esporte. “Sempre executei meus trabalhos sociais, atendendo dezenas de famílias, beneficiando a sociedade. Infelizmente a gente parou por esse período, mas queremos dar esse retorno para quem precisa”.

SUPLENTE – Alan do Povão (PRB), que estava respondendo na vaga de suplente do vereador Wagner desde janeiro deste ano, também se pronunciou sobre o assunto nas redes sociais, agradecendo pelo tempo que esteve na Casa e classificando a mudança como “inconveniente”.

Disse ainda que deve adotar medidas judiciais para reaver o seu mandato como suplente. “Informo que estamos acompanhando o desfecho judicial do direito à titularidade da vaga e contando também para 2020, para novas eleições”, afirmou.

Por fim, também desejou que o vereador empossado cumpra com todos os compromissos “priorizando os interesses da população, independente de interesses partidários”. 

ENTENDA O CASO – Wagner Feitosa teve sua prisão preventiva decretada, junto com mais dois servidores, no dia 6 de março de 2018, no âmbito da “Operação Soturno”, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Roraima (MPRR).

Na época da sua prisão, o presidente da Câmara, Mauricelio Fernandes (PMDB) recebeu pedido de afastamento do parlamentar por 120 dias. Alan do Povão chegou a tomar posse na Casa durante este período, mas o ato foi anulado pelo Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) por se tratar somente de um afastamento. A Justiça entendeu que cabia à Câmara a decisão sobre o mandato de Feitosa.

Em julho do mesmo ano, com o fim do afastamento de 120 dias, a Justiça Eleitoral julgou à revelia a possibilidade de Alan do Povão assumir o cargo por ele ter mudado de sigla, saindo do Solidariedade (SD) para o Partido Republicano Brasileiro (PRB). Na época, a Presidência da Câmara Municipal informou que iria esperar a decisão judicial para saber qual atitude tomar. Em janeiro deste ano, em cumprimento de decisão judicial, a Câmara Municipal deu posse novamente a Alan do Povão. (P.C.)