Cotidiano

Protesto divide manifestantes em Boa Vista

Evento deveria unir sindicatos para protestar também sobre salários atrasados

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Um protesto nacional contra a reforma da Previdência ocorreu durante a tarde da última quinta-feira, 22. Em Boa Vista o ato aconteceu na Praça do Centro Cívico e deveria ser uma parceria entre a frente Sindical, Popular de Lutas e os servidores que estão acampados em frente ao Palácio Senador Hélio Campos. Mas durante o evento os servidores se dividiram e optaram por não participar da manifestação contra a reforma da Previdência.

“Gostaríamos que estivessem aqui todos os sindicatos, inclusive os municipais e estaduais porque sentimos que a situação irá se agravar tanto para o âmbito federal, quanto para o estadual e municipal, inclusive pessoas da iniciativa privada”, declarou o representante do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Arnou Pereira de Sá.

Arnou de Sá declarou ainda que não se trata só de uma reforma da Previdência, mas sim uma “reforma da morte” que tirará as possibilidades de aposentadoria e ainda prejudicará quem já está aposentado. “A manifestação é também pelos salários, devido essa enganação de dizer que não há recursos para pagar os servidores, mas há dinheiro para pagar os patrões e grandes fornecedores que são próximos da governadora”.

A esposa de policial militar, Flávia Aguiar, disse que o movimento de mulheres e esposas de policiais militares e bombeiros se juntaria aos manifestantes pela reforma da Previdência, mas algumas decidiram não participar. Segundo Flávia, o movimento de mulheres só não havia se organizado ainda, mas toda a ajuda seria bem-vinda.

Durante a manhã da quinta-feira, 22, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo de Roraima (Sintraima), Francisco Figueira, chegou a convidar os servidores a participar do manifesto com um vídeo, mas a vice-presidente do Sintraima, Jane Briczke, disse que só sabia que haveria uma reunião entre os servidores, mas que não haveria articulação com o protesto da reforma da Previdência.

“Hoje iremos fazer a decisão se continuamos a greve, como iremos proceder daqui para frente porque estamos em uma situação insustentável. O pessoal não está com dinheiro nem para ir ao trabalho, sem comer, sem combustível, em uma situação muito difícil”, disse Jane Briczke.

O coordenador do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Roraima (Sinjoper), Paulo Thadeu, disse que a frente que organizou a manifestação respeita a decisão dos servidores grevistas, mas que no momento é necessário consciência.

“É um direito de cada um, mas temos uma visão mais ampla das coisas, não é a questão salarial e os atrasos de pagamento que irão resolver os problemas da classe trabalhadora, esses problemas são mais amplos. A luta é mais ampla, respeitamos a decisão, mas conclamamos a classe trabalhadora a se politizar e se conscientizar”, declarou Paulo Thadeu.