Cotidiano

Protetores denunciam morte de cães de rua por envenenamento

Animais que viviam na rua teriam sido envenenados por desconhecidos. Associação vai denunciar o caso à polícia

Fabrício Araújo

Colaborador da Folha

A Associação Roraimense de Cuidados Animais (ARCA), denunciou este final de semana, que alguns cães de rua teriam sido envenenados no bairro Caçari, na zona leste de Boa Vista.

Segundo a entidade, os indícios apontam que os animais foram envenenados propositalmente e alguns dos cachorros chegaram a ser recolhidos e enviados para tratamento em uma clínica veterinária onde foi comprovado que foram envenenados.

A equipe da Folha esteve no local durante a manhã de sábado, 17, e encontrou apenas dois cães. Um deles apresentava uma gosma escorrendo pelo nariz, além de parecer abatido e o outro não apresentava nenhuma característica fora do comum. Mas não foram encontrados cães mortos.

A denúncia da ARCA feita em rede social, teve mais de 1.300 compartilhamentos e mais de 200 comentários.

A advogada e protetora de animais independente, Débora Almeida, disse à Folha que estava à procura dos filhotes na sexta-feira, 16, quando recebeu a informação sobre os cães.

“Eu não sei informar se algum dos cães morreu por conta disso, mas eu vi que tinha um cachorro morto ali perto. Conseguimos resgatar dois que estão internados e sendo tratados, em observação e tem mais um animal com os mesmos sintomas lá, apresentando vômito e baba. Na clínica foi detectado o envenenamento sim”, confirmou.

Os cachorros moravam no entorno de uma faculdade particular e eram alimentados por servidores e estudantes do local.

“O servidor Stenio Barroso disse que ajudava a alimentar os cães. “Cuidei bem dela uma cadela doce, gentil, medrosa, brincalhona, me seguia pela faculdade toda não saía dos meus pés em nenhum minuto das minhas 12h de serviço. Eu dava ração e remédios pra ela e aos outros animais. Mas eu devia ter feito mais”, disse lamentando o ataque.

A protetora dos animais explicou também que o local onde ocorreu o envenenamento não tem nada a ver com a pessoa que cometeu o crime. “Foi uma pessoa muito má que não temos como identificar, mas não podemos afirmar quem foi e nem responsabilizar a faculdade pelo fato dos cães viverem nas proximidades, pois é um espaço aberto e os cães saem e retornam. Todos sempre cuidaram deles”, explicou Débora Alves.

Débora afirma que ainda tentou registrar a denúncia na delegacia especializada em crimes ambientais, mas não conseguiu por causa do feriado. A protetora solicitou as imagens das câmeras de segurança da faculdade para entregar à polícia, e pretende levar o caso adiante. “Nós iremos tomar medidas sim na Delegacia do Meio Ambiente, mas está fechada por conta do feriado, então precisamos esperar até segunda-feira, 19, para formalizar”, afirmou Débora.

A faculdade informou em nota que os servidores alimentavam dois cães há mais de dez anos. Um que morreu na semana passada depois de ser atropelado e outra, que era uma cadela marrom que apareceu há dois anos. “Duas cadelas apareceram vomitando e foram levadas para uma clínica veterinária e há uma semana um cão preto que não andava por aqui pela faculdade apareceu morto. Deixamos claro que não compactuamos com nenhum tipo de crueldade contra animais, e que os atos foram infames”.

CRIME – A Lei 9.605/98, conhecida como “Lei dos Crimes Ambientais”, explicita em seu artigo 32 que é crime “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres ou domésticos”. A pena para o descumprimento  é, na análise dos ambientalistas, branda, já que pode ser revertida, em caso de condenação, em prestação de serviços comunitários.