Cotidiano

Quem toma a água do rio Branco volta ou nunca sai daqui

A chegada de maranhenses e gaúchos são alguns dos movimentos migratórios que fazem parte da história em Roraima

“Quem toma a água do rio Branco sempre volta ou nunca mais sai daqui”. Com essa frase as pessoas que moram em Roraima definem um pouco o fluxo migratório tão característicos da formação da nossa sociedade. Sejam maranhenses, paraenses, gaúchos e os venezuelanos. São vários os motivos que trouxeram pessoas de outras cidades e regiões ao extremo Norte do país. Recentemente, o estado registrou o maior crescimento populacional do país entre todos os estados, com um aumento populacional de aproximadamente 54 mil pessoas de 2017 até julho de 2018. Os dados são da pesquisa de Estimativa da População realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento levou em consideração os índices do censo demográfico por conta do fluxo intenso de imigrantes, o IBGE também considerou os venezuelanos residentes em Roraima. Mas o cenário em que o estado recebe um grande quantitativo de pessoas vindas de um lugar específico já ocorreu em Roraima. Uma delas, foi o Projeto Rondon, criado em 1966, numa parceria entre Governo Federal e as universidades brasileiras. A ideia, na época, era proporcionar uma experiência multicultural e a integração de estudantes universitários com outras localidades, principalmente na Amazônia Ocidental. Foi dessa forma que muitas pessoas chegaram à Roraima e aqui fixaram residência.

O Patrono em exercício do Centro de Tradições Gaúchas – CTG,  Osmar Hentz chegou em Roraima há quase 39 anos e relembra como foi sair do Rio Grande do Sul para morar no norte do país. “No início dos anos 80, houve uma certa manifestação contrária a chegada dos gaúchos em Roraima, mas foi uma pequena resistência, devido ao choque e ao medo de que as pessoas tomassem seus trabalhos. Mas a maioria nos recebeu bem, o povo de Roraima é receptivo, as pessoas chegaram de forma organizada, aos poucos, podemos demonstrar que queríamos trabalhar para o crescimento do estado como realmente aconteceu” relembra.

Além dos gaúchos, os maranhenses também são um dos que mais contribuem com a população migrantes em Roraima. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Unamaum total de 27,7% de pessoas que moram em Roraima, são nascidas no Maranhão.Um dos movimentos culturais mais importantes que marca essa migração é o Arraial dos Maranhenses realizado pela Associação Cultural Maranhense de Roraima. O evento faz parte do calendário oficial de eventos culturais do Estado de Roraima.

“O arraial é promovido para exaltar a cultura e fortalecer a identidade maranhense. Mais que um festejo, o evento tem a finalidade de descontruir a imagem negativa que existe há mais de três décadas em torno do povo maranhense. É um instrumento de luta, por que utilizamos a cultura para reverter estigmas e construir uma visão pautada em valores de respeito mútuo” relata o presidente da Associação, Pedro Costa que nasceu em São Bernado, no Maranhão.