Cotidiano

Retornos carecem de planejamento, avalia engenheiro

Problemas de dimensão, falta de sinalização e fiscalização foram os principais pontos destacados

Você, quanto motorista, sabe o que é um retorno com faixa de desaceleração? São aqueles que possuem uma entrada geralmente à esquerda, para que os carros desocupem a avenida e realizem a manobra sem complicações. Lembrou? Pois bem. O que era para ser um assunto simples, não é. O motivo? Falta de planejamento devido à deficiência técnica no setor de engenharia de tráfego.

A avaliação é do engenheiro civil com habilitação em Engenharia de Tráfego, Marcus Duarte. Para ele, o principal problema dos retornos com faixa de desaceleração está na largura e comprimento das faixas. “São estreitas e curtas. Os carros começam a fila, mas ficam com 30% a 40% do veículo para fora por medo de encostar-se ao meio-fio, daí ocorrem as colisões traseiras”, justificou.

Em seguida, ele destacou a falta de fiscalização nesses locais. Na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, em frente ao Centro de Tradições Gaúchas (CTG), o retorno com faixa não costuma ser respeitado, principalmente em horários de pico. O mesmo acontece na avenida Venezuela, quase em frente à Escola Estadual Ana Libória. Sem paciência para esperar a vez, os condutores começam a fazer filas duplas e até triplas para passar à frente dos demais.

Outro ponto discutido pelo engenheiro foi a falta de sinalização vertical e horizontal nos retornos com faixa de desaceleração. No perímetro urbano, apenas o retorno da avenida Surumu com a avenida Glaycon de Paiva possui a sinalização quase completa. No local, falta apenas a faixa de aceleração. Ela deve ser utilizada pelos condutores até que a velocidade ideal seja retomada, para então voltar à avenida.

A faixa de aceleração é vista na BR-174, sentido Manaus, no retorno do viaduto. Ao voltar para a BR, o condutor já se encontra em uma faixa de aceleração. “Tanto que os carros continuam passando normalmente pelo lado enquanto você recupera a velocidade. Ao atingir, basta dar seta e seguir o fluxo. Falta isso no perímetro urbano, até para evitar acidentes”, apontou.

A última avaliação do engenheiro diz respeito a um choque de teoria que pode ser constatado na rua Doutor Paulo Coelho Pereira, que passa em frente ao Cemitério Nossa Senhora da Conceição, no bairro São Vicente. No local, a faixa de desaceleração foi implantada em um cruzamento. “O que acontece? O carro que pega a faixa de desaceleração faz a manobra de conversão, ou retorno, de forma irregular. Ele foi induzido ao erro, não era para faixa existir”, disse.

Condutores divergem opiniões em relação ao tipo de retorno

Motoristas impacientes tornam retornos perigosos e muitas vezes causam acidentes (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A equipe da Folha foi às ruas ouvir dos condutores o que eles pensam sobre o retorno com faixa de desaceleração. Para alguns, eles representam perigo, para outros, falta conscientização dos condutores. É o caso de Gabriel Moreira, que é gerente de uma loja de veículos, localizada na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, no Mecejana. Para ele, os motoristas são o problema principal.

“Nem todos entendem o que precisa ser feito e acabam fazendo filas duplas. Já cansei de ouvir freadas e buzinas em horário de pico por conta de condutores que não sabem esperar e acabam infringindo as regras. Para mim, dependendo do fluxo da avenida ou da rua em questão, esses retornos só fazem ajudar”, contou.

A opinião não é a mesma para o frentista Adriano de Souza. Há um tempo, ele relatou que sofreu um acidente em um retorno com faixa pelo fato de o condutor do carro não checar os lados antes de prosseguir. “A sorte é que eu não estava correndo tanto. Freie, mas não consegui tirar a tempo. O cara entrou no retorno e não parou, confiou que não vinha ninguém e seguiu”, criticou. (A.G.G)