Saúde e Bem-estar

‘Marquei um compromisso e perdi a vontade’. Psicóloga explica

Não ter vontade de sair e se divertir pode ser sinal de depressão? Entenda

Um dos sintomas mais característicos da depressão é a falta de vontade de realizar qualquer tipo de atividade, mesmo aquelas que normalmente traziam prazer ao paciente. Portanto, não ter vontade de sair pode ser um sinal do transtorno. Combinar vários compromissos e na hora do encontro desistir pode ser um sinal de desânimo constante.

De acordo com a psicóloga Edgéssica Carvalho, é preciso que outros sintomas da doença também estejam ocorrendo para que o diagnóstico seja estabelecido. O desânimo muitas vezes é confundido com depressão, mas ainda assim merece atenção.

“É necessário avaliar de forma geral e não pequenos comportamentos isolados. O ideal é investigar os motivos que estão levando esse indivíduo a cancelar esses compromissos, pois em determinadas situações podem sim ser um sinal de alerta, mas em outros momentos, a pessoa pode apenas está sem interesse em sair. Por isso a importância de investigar” explica a psicóloga.

“É super importante estabelecer uma rotina, por mais simples que seja. Ter o hábito de acordar no mesmo horário, fazer as refeições necessárias, praticar atividades físicas, isso trará benefícios ao seu corpo e ao seu psicológico” comenta.

Ignorar o estado de desânimo pode ser altamente prejudicial, levando a problemas como mau desempenho no trabalho ou relacionamentos comprometidos.
“Mesmo sem o diagnóstico de depressão, problemas motivados pela falta de ânimo podem ter impacto negativo sobre a vida acadêmica, pessoal e profissional.
A especialista ressalta a importância do lazer e de atividades de interação social para o bem estar. 


Psicológa explica os benefícios do lazer para a saúde mental e física (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

“Vamos usar como exemplo o período de isolamento da Covid19. Nesse período, foi necessário/obrigatório o distanciamento e isolamento, e muitas pessoas perceberam a importância de também olhar para saúde mental, visto que estavam afastados dos familiares e amigos, e muitos começaram a ter pensamentos negativos a cerca do futuro. Nesse período, houveram buscas significativas por terapia, pois muitos sentiram as consequências negativas do isolamento” relata.

Por outro lado, a psicóloga atenta para os casos onde a pessoa decidiu se isolar por si só. “Também pode acarretar prejuízos, visto que a interação social é importante para o indivíduo, Descobrir a causa principal do desânimo é o primeiro passo para aprender a retomar seus comportamentos saudáveis” reforça.

Benefícios do lazer 

As atividades ao ar livre, passeios e atividades prazerosas são mais importantes do que se imagina. Quando incluído corretamente na sua rotina, o lazer é capaz de ajudar em diversos sentidos, inclusive na prevenção de problemas de saúde.

“Existem vários benefícios para a saúde física e mental, por exemplo: reduz a pressão sanguínea, melhora o foco, fortalece sistema imunológico, ajuda na prevenção da ansiedade e depressão, ajuda na redução da fadiga, e muitos outros. É importante sair um pouco da rotina e se permitir dar uma volta na praça, se exercitar, se relacionar com outras pessoas” ressalta.

Imagine passar anos consecutivos da sua vida trabalhando e curtindo somente os finais de semana. Ou, pior ainda, deixando o final de semana passar em branco porque você está muito cansado para aproveitá-lo. Por mais que você goste do seu trabalho, essa visão é, no mínimo, desestimulante. Ao viver essa realidade, você coloca em jogo a sua qualidade de vida e a sua saúde. 

“É preciso estar sempre atento aos motivos que levam uma pessoa a desistir de atividades de lazer, nada acontece por acaso e nem “do nada” como é comum falarem. É possível sim, que uma situação tenha gerado uma emoção de medo e priva a pessoa de sair de casa. 

É preciso compreender a causa desse medo, e por isso a ajuda psicológica nesses casos são fundamentais, visto que o terapeuta irá trabalhar tanto nas causas quanto na mudança de comportamento, conforme for desejado pelo indivíduo” finaliza.

Edgéssica Carvalho (CRP 20/8075), psicóloga clínica e pós graduanda em Neuropsicologia.

Por Raísa Carvalho