Saúde e Bem-estar

Amizade faz bem à saúde física e emocional

O tema foi assunto do Guia da vida longa e saudável do Dr. Art Hister que listou os motivos que ter uma boa amizade faz bem à saúde 

Não há substituto para um bom amigo. E, embora a vida corrida possa dificultar os encontros, pesquisas indicam que arranjar tempo para alimentar os relacionamentos de amizade pode ser fundamental para o nosso bem-estar. O tema foi assunto do Guia da vida longa e saudável do Dr. Art Hister que listou os motivos que ter uma boa amizade faz bem à saúde.

O nível de estresse cai

Seja para um cafezinho na cozinha, seja para visitar um museu, vale a pena arranjar tempo para os amigos. Embora todos saibamos que a solidão traz infelicidade, a pesquisa indica que também pode matar. Em 2006, os pesquisadores da Universidade de Chicago analisaram dados de vários estudos que mostravam que os solitários reagiam com mais intensidade aos golpes que a vida nos dá. Em alguns, isso causava a elevação do nível de epinefrina, que faz parte do sistema de “luta ou fuga” do organismo. Picos constantes dos hormônios do estresse podem causar pressão alta, enfarte ou AVC.

Alimentação saudável

Comer alimentos bons para a saúde em reuniões com amigos pode ser contagioso, por isso, vá em frente. Os pesquisadores americanos que analisaram os laços sociais de mais de 12 mil pessoas que participaram de um grande estudo sobre o coração encontraram grupos de magros e de obesos; o que indica que os amigos têm uma grande influência sobre o peso.

Isso é algo que Diane Finegood – diretora científica do Instituto de Nutrição, Metabolismo e Diabetes de Burnaby, no Canadá – viu em primeira mão. “Quando estou num bufê, pego um prato de sobremesa, que é menor que o prato raso, e uso-o na minha refeição”, diz ela. “Quem está comendo comigo vê isso e acaba falando de opções, o que traz mais gente para o mesmo barco.”

Você pode viver mais

A amizade dá a chance de aprimorar a capacidade em todos os tipos de relacionamento (Foto: Divulgação)

Você conhece alguém que esteja com problemas de saúde ou depressão? Para essa pessoa, pode ser difícil manter contato; mostre que se importa com ela procurando-a regularmente. De acordo com pesquisadores americanos que estudaram 503 mulheres com sintomas de doença arterial coronariana, as que tinham poucos contatos pessoais na vida cotidiana apresentavam uma probabilidade de morrer nos dois a quatro anos seguintes; o dobro das que tinham um grupo maior de amigos. E, quanto mais, melhor. Se tiver alguns amigos em comum, leve-os também. Todos se sentirão melhor mantendo contato, e isso pode fazer uma diferença enorme para o amigo necessitado.

A vida amorosa pode melhorar

A amizade nos dá a chance de aprimorar a nossa capacidade em todos os tipos de relacionamento, o que ajuda a abrir caminho para relacionamentos íntimos mais fortes. Estudos mostram que os indivíduos sem essas relações íntimas têm mais tendência à depressão e ao uso de álcool e drogas.

Em uma pesquisa, cientistas da Califórnia confirmaram estudos anteriores que ressaltavam o benefício das amizades saudáveis no desenvolvimento do talento necessário para promover relacionamentos íntimos significativos. Portanto, peça aos amigos que o ajudem a melhorar em problemas que podem estar dificultando a vida amorosa; como o incômodo hábito de interromper os outros ou a mania de sempre se atrasar.

Atividade Física

Todos sabemos que os exercícios trazem bem-estar. Mas novas pesquisas indicam que também podem nos tornar mais felizes com os amigos. Os pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, verificaram que crianças que praticam esportes também tendem a se sentir mais satisfeitas com o número e o tipo de amigos que têm.

A pesquisadora-chefe Janice Causgrove Dunn diz que isso também se aplica aos adultos. Mesmo quem é sedentário há anos pode aprimorar a amizade se juntando para fazer exercícios. “Não é preciso ser uma atividade especializada, como vôlei ou futebol”, diz ela. “Pode ser algo simples, como uma caminhada pela manhã. Sair com um amigo pode nos manter motivados; e é mais divertido porque temos com quem conversar.” 

ARTIGO

O benefício das amizades saudáveis promove relacionamentos íntimos significativos (Foto: Divulgação)

Genial? – Por Roberta D’albuquerque

Estou lendo com grande atraso – eu sei! – A Amiga Genial de Elena

Ferrante. O livro é parte da Série Napolitana da escritora que assina com

pseudônimo e que, até hoje, tem identidade desconhecida. A história real de

alguém que não precisa ter a autoria de sua obra, festejadíssima, revelada já

é por si só brilhante. Mas a história que se conta nas 336 páginas da sua

edição brasileira é tão fascinante quanto.

Elena Greco, a personagem principal, narra sua infância e juventude ao lado

da inteligente, rebelde e, talvez por isso mesmo, encantadora Raffaella

Cerullo. Uma amiga que embora seja companhia constante de suas

descobertas, que embora exerça um magnetismo sem tamanho sobre a

menina, é também motivo de alguma perturbação. Uma amizade que dá

trabalho, que custa.

Do livro, que ainda estou na metade, posso dizer pouco. Leiam. De amizades

assim custosas, digo que vivi algumas. Talvez também pela metade.

Presenciei outras tantas sendo vividas por perto. Naturalmente que ter e

manter amigos tem seu custo. E é importante que tenha. Qualquer relação

que envolva a troca, envolve também um investimento. Há de investir tempo,

energia, afeto. Há de estar disponível para o outro. Mas essa disponibilidade,

como tudo na vida, deve encontrar limite.

O limite do saudável. Amizades que desafiam essa fronteira, precisam sim

ser postas em cheque. Ouvi, na semana que passou, uma jovem que me

contava sobre como a melhor amiga não tomava nenhuma decisão sem

consulta-la, como era importante para ela que as duas estivesses fechadas

nesse lugar de exclusividade de Bffs, como ela, para preservar a menina que

chorava a sua falta, preferia não estar na companhia das outras crianças no

intervalo da escola, como as duas com a passar do tempo, estavam ficando

cada vez mais parecidas. Um relato cheio de sorrisos e doçura, que me

preocupou.

Na dúvida, gosto de pensar a amizade como possibilidade de expansão.

Possibilidade de experimentar a vida (em toda a sua complexidade) para

além do nosso umbigo. Se reduzir seu espaço de atuação, de percepção do

mundo, repense. Não há genialidade capaz de compensar um encolhimento

de ser.