Saúde e Bem-estar

Consumo de orgânicos cresce, mas custo e acesso ainda são desafios

Adeptos se concentram em motivações individuais para a compra, como os benefícios à saúde

De acordo com a edição de 2019 da pesquisa Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil, encomendada pelo Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), os brasileiros consomem mais produtos desta categoria em comparação com a primeira edição do levantamento, de 2017. Naquele ano, 15% das pessoas responderam que tinham consumido produtos orgânicos nos 30 dias anteriores. Neste ano, o percentual cresceu para 19%.

Por definição, um produto orgânico é aquele obtido dentro de um sistema orgânico de produção agropecuária – ou a partir de processos extrativistas sustentáveis – com a preocupação de não prejudicar o meio ambiente, não comprometer os recursos naturais e respeitar as características socioeconômicas da comunidade local, segundo o Organis. Mas, além disso, quem trabalha nessa cadeia de produção se preocupa com as condições dignas de trabalho e com a qualidade do solo, uma vez que não é permitido uso de agrotóxicos.

Se o produto seguir essas recomendações, pode ser considerado dessa categoria. Contudo, ainda é necessário um selo do Ministério da Agricultura para ser comercializado como tal. Além de provocar menos impacto ao meio ambiente, é mais saudável e pode ser ricos em nutrientes. É o caso, por exemplo, das ervilhas, repolho, beterraba, couve e espinafre, alimentos com diversas propriedades benéficas ao organismo como a glutamina, aminoácido também presente em iogurte e ovos.

Segundo a pesquisa, o maior mercado consumidor é a região sul. Do total de respondentes, 23% afirmaram ter comprado produtos orgânicos nos 30 dias anteriores ao levantamento. Em 2017, o sul também foi considerado como a região com o maior número de adeptos. A motivação principal é individual e não coletiva, já que apenas 9% citaram o meio ambiente como motivo para comprar orgânicos e 84% dos consumidores o fazem para ter uma saúde melhor.

Embora já existam diversas iniciativas de itens de higiene pessoal e beleza categorizados como orgânicos, a maioria dos respondentes só conhece aqueles que estão na categoria dos alimentos. Tanto os adeptos como os que não consomem produtos orgânicos pretendem aumentar o consumo, com 88% e 67% das respostas, respectivamente.

O levantamento também destaca outras atitudes que podem estar associadas com o consumo de produtos orgânicos, como a preocupação com áreas verdes, a compra de biodegradáveis e a separação do lixo. A porcentagem dos que realizaram essas atitudes de forma conjunta no mês anterior ao levantamento foi maior do que aqueles que não consumiram produtos orgânicos.

Apesar do avanço, o custo e o acesso ainda são as principais barreiras para um maior avanço. Entre os que já são adeptos, o preço e a dificuldade de encontrar os produtos (27%) são os principais motivos pelos quais eles não consomem ainda mais orgânicos. Para aqueles que não haviam consumido esse tipo de produto, o preço (43%) e a dificuldade de encontrá-los (21%) foram as razões mais citadas para a falta de interesse.