Saúde e Bem-estar

Influenciadores digitais mirins devem ser monitorados por pais

A exposição deve ser monitorada pelos responsáveis legais para riscos da internet

Com o aumento do uso de redes sociais, muitos jovens enxergaram uma forma de ganhar a vida na internet. Os chamados ‘influencers’ digitais trabalham expondo a rotina e dando dicas sobre assuntos variados para os seguidores que lhes acompanham. Com o engajamento que eles recebem, muitas empresas entram em contato para serem divulgadas. Entretanto, surgiu uma nova categoria nesse meio: os influenciadores mirins, composta por crianças e pré-adolescentes.

Apesar da internet ser uma ferramenta de informação e lazer, a exposição infantil apresenta muitos riscos para a formação da criança e deve ser monitorada pelos responsáveis legais.

Sophia Marques possui atualmente 12,4 mil seguidores

Sophia Marques, 13, é uma influenciadora mirim desde os 10 anos de idade, quando foi chamada para ser modelo da loja de uma amiga da família, uma oportunidade que abriu portas para parcerias com outras empresas.

Em entrevista à FolhaBV, Angélica Moreira, mãe de Sophia, relata que apesar da filha ser influenciadora por diversão e poder tomar as próprias decisões em relação às parcerias, há casos em que pessoas criam contas falsas para mandar mensagens de ódio e assédio para ela. Em casos assim, Angélica exclui a notificação e bloqueia a conta, além de sempre conversar com Sophia sobre o assunto para mantê-la consciente do que pode acontecer no mundo virtual.

“Eu sempre filtro as mensagens que ela recebe, mas quando ocorre de ela ver mensagens de bullying ou até algumas mais pesadas, eu sempre tento conversar com ela e esclarecer que a internet também tem um lado negativo, por isso devemos filtrar e absorver só o que nos faz bem. Mas ela também já fez acompanhamento psicológico para dar apoio emocional, eu acho muito importante”, contou.

Anna Lúcia tem 26,5 mil seguidores e foi a primeira influenciadora digital mirim de Roraima (Foto: Stenia Araújo)

Já a criadora de conteúdo Anna Lúcia, 14, está no meio artístico desde os dois anos de idade, mas só tomou a iniciativa de ser influenciadora na pré-adolescência quando a pararam para elogiar sua roupa. Atualmente, ela gosta de compartilhar dicas de estilo, cuidados com a pele e de caligrafia.

Fabiane Barros, 40, conta que apoia totalmente a escolha da filha, mas ainda é bastante cuidadosa em relação à sua segurança. “A Anna Lúcia sempre me avisa quando chegam solicitações de mensagens. Se for algo inapropriado eu apago, mas conto pra ela porque é importante saber das consequências de trabalhar no meio digital.” disse.

A mãe de Anna Lúcia também ressalta que é primordial para os pais de influenciadores mirins não fazerem dessa exposição dos filhos uma obrigação e ter certeza se de fato eles estão confortáveis com a exibição e se realmente se divertem em compartilhar sua rotina, postar fotos, gravar vídeos e fazer propagandas.

VISÃO DE UMA ESPECIALISTA

De acordo com a psicóloga Cássia Nathalia A. Dias, o acesso às tecnologias desde cedo tem seus impactos a curto e longo prazo na vida de crianças e pré-adolescentes.

“Quando os responsáveis não realizam o monitoramento do conteúdo acessado e nem estipulam um tempo para utilizar os aparelhos eletrônicos conforme a faixa etária, é possível desencadear a dependência tecnológica”, afirmou.

Em relação à segurança na internet, ela aconselha que o diálogo e a informação, acerca dos perigos e prejuízos da utilização inadequada da internet, sempre serão as melhores alternativas, desde que seja compartilhada através de uma linguagem acessível à faixa etária. Abordar temas como cyberbullying e fake news são importantes estratégias de psicoeducação.

A psicóloga também acredita que deve haver o equilíbrio entre os elogios e as críticas, ressignificando essa experiência, utilizando como um momento de aprendizagem e reflexão para trabalhar conceitos como empatia, respeito, limites, comunicação não violenta e preferências.

Por Camilla Salustiano