Saúde e Bem-estar

Por que é tão difícil ser amigo de si mesmo?

Psicóloga explica a importância da autocompaixão para a saúde mental

A compaixão pode ser descrita como uma compreensão do estado emocional de outra pessoa. Criar autocompaixão não é uma tarefa simples, visto que ela depende muito da nossa história de vida, da maneira como fomos estimulados a gostar de quem somos.

Para a psicóloga Gilvânia Carvalho, a compaixão está estreitamente relacionada com a autoestima.“É uma habilidade que pode ser treinada e há crescentes evidências que essa prática pode influenciar nosso sistema imunológico e neurofisiológico” explicou.

Segundo ela, a autocompaixão leva uma uma qualidade de vida percebida a quem a pratica, por meio dela, é possível chegar à uma vida equilibrada e plena, mesmo diante das dificuldades.

“Gostar de nós mesmos está relacionado a forma como fomos criados, ao tipo de apego que foi desenvolvido na nossa primeira infância. Dependendo disso vamos aprendendo (deduzindo) se ser como somos é “bom” ou “ruim”. Se não tivermos um bom apego nessa primeira infância construímos uma visão de que não somos bons o suficiente e, por isso, não merecemos afeto;  ficamos sempre nos comparando com outras pessoas e numa busca infinita por algo que nem nós mesmos sabemos o que seja” explica a especialista.

Como se cobrar menos?

A partir do autoconhecimento é possível chegar a este percurso de aceitar quem somos e melhorar aquilo que depende de nós. “Reconhecer que cada um tem uma história de vida diferente e que, por isso mesmo, ficar se comparando com outras pessoas é totalmente injusto com você. Valorizar os pequenos passos e pequenas realizações diárias” reforça Gilvânia.


Para a psicóloga a compaixão está estreitamente relacionada com a autoestima (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Como ensinar a autocompaixão para crianças?

Primeiramente, os pais devem evitar qualquer tipo de comparação, seja entre os irmãos ou amigos; comparar a criança com outra passa a mensagem de que ela é inadequada.
“Ensinar autocompaixão para crianças passa pelo caminho de elogiar qualidades e comportamentos que ela tem, estimulando a melhorar sempre. Essa aceitação pelos pares fará com que a criança aprenda também a se aceitar “, ressalta.

Como devemos lidar com os nossos próprios erros?

O caminho é da Responsabilização, assumir a responsabilidade pelo erro e procurar aprender através dele. “Aceitando que no momento do erro fizemos o que achamos ser o mais assertivo; e que foi através do erro que pudemos construir uma nova aprendizagem para não mais errarmos naquela situação” diz.

A psicóloga Gilvânia Carvalho cita alguns passos práticos para treinar a autocompaixão. Confira.

Lembrar das qualidades que você tem; se preferir anote em uma agenda ou no celular para sempre que possível voltar a lê-las;

Anotar coisas pelas quais tem a agradecer na sua vida (diário de gratidão);

Tratar-se da mesma maneira como trataria um amigo querido (respeito, consideração);

Lembrar que todos os dias temos um nova oportunidade de mudar/ praticar aqueles comportamentos que não gostamos em nós.

Por Raísa Carvalho