A prevenção do diabetes mellitus tipo 2 com medicamentos pode ser útil em pacientes com alto risco de desenvolver a doença. De acordo com o médico endocrinologista César Penna, médicos podem receitar remédios para aqueles que falharam nas medidas de prevenção a doença e não possuem um estilo de vida saudável, mesmo antes de desenvolver a doença.
Segundo ele, existem pesquisas que mostram fármacos sendo utilizados como protetores do organismo, principalmente aqueles que possuem predisposição ao diabetes.
“Os remédios são estudados com este propósito, no entanto, segundo uma revisão extensa da literatura , apenas medicamentos antidiabéticos e o orlistate mostraram algum benefício em prevenir a doença” explicou.
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A metformina é o medicamento mais estudado e o único recomendado pela American Diabetes Association (ADA) como prevenção para o diabetes, apesar de ser menos eficaz que uma dieta apropriada e atividades físicas.
“Nesses casos, é necessário que o paciente tenha conhecimento de que ele pode desenvolver uma doença grave que poderá mudar sua rotina para o resto da vida. Uma rotina saudável reduz essa possibilidade, mas a maioria não possui essa consciência” ressalta.
Pesquisa
No estudo, o uso de metformina por três anos, foi capaz de reduzir a progressão do diabetes tipo 2 para 22% . Os resultados foram melhores em pacientes obesos e com menos de 60 anos de idade.
Com esse resultado, a ADA (American Diabetes Association ) sugere o uso de metformina para prevenção do diabetes em pacientes com exames alterados (glicemia ou hemoglobina glicada), com menos de 60 anos de idade, índice de massa maior ou igual a 35 kg/m2 e em mulheres com história de diabetes gestacional.
“O uso da metformina só se justifica devido ao seu perfil de segurança confiável e baixo preço.A insulina também já foi estudada com estratégia para prevenção do diabetes” disse o médico.
A insulina glargina consegue diminuir a incidência de diabetes, porém, o uso de insulina também trouxe ganho de peso e episódios de hipoglicemia a paciente. “As pesquisas mostram que a insulina também não trazem benefícios na prevenção de doenças cardíacas e vasculares, e por isso não é recomendado” relata.
As glitazonas, cujo o único representante disponível no mercado brasileiro é a pioglitazona, também são eficazes em prevenir diabetes. Mas como estão associadas a ganho de peso, retenção de líquido, insuficiência cardíaca, fraturas e câncer de bexiga, não são recomendadas para este fim.
Por fim, a acarbose e o orlistate também são capazes prevenir diabetes. A acarbose inibe a absorção dos carboidratos da dieta. No estudo STOP, a acarbose além de prevenir o diabetes também foi capaz de reduzir a incidência de doenças cardíacas. O que limita seu uso são os efeitos adversos, principalmente gases, quando em doses mais altas. O orlistate é um medicamento aprovado para tratamento de excesso de peso e obesidade que inibe a absorção de gorduras no intestino. Pode ser útil em pacientes obesos com glicose elevada, mas costuma ser pouco tolerado pelos efeitos adversos, sendo diarreia o mais comum.
“Ainda estamos longe de um medicamento para prevenção do diabetes mellitus tipo 2 tão bom quanto a alimentação saudável ou as atividades físicas. Medicamentos aprovados pelos estudos ainda não dão carta branca para se ter uma vida sedentária e de excessos na alimentação” reforça.
