Cotidiano

Semana Nacional busca estimular e sensibilizar possíveis doadoras

As palestras e abordagens seguem até a sexta-feira, 18, considerada pelos bancos de leite como dia D

Em alusão ao Dia Mundial de Doação de Leite Materno, comemorado anualmente no dia 19 de maio, teve início ontem, 14, a Semana Nacional de Doação de Leite. Junto aos Bancos de Leite Humano (BLH) do país, a programação envolve um momento de sensibilização para a importância da doação e iniciativa a mais para a proteção e promoção do aleitamento materno.

Estimular a doação, divulgar os bancos de leite e promover debates sobre a importância do aleitamento e da doação de leite humano são os principais objetivos das comemorações. Em Roraima, o primeiro dia da programação contou com palestras ministradas pelos internos de Medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que falaram sobre a importância da doação e sensibilização das possíveis doadoras.

As palestras e abordagens seguem até a sexta-feira, 18, considerada pelos bancos de leite como dia D. Para a data, está prevista uma ação de beleza junto às mães doadoras, em que serão realizadas oficinas de beleza, cabelo, sobrancelha, depilação, maquiagem e o momento do mamaço, quando as mães amamentam de forma simultânea. Atualmente, 60 doadoras estão cadastradas ativamente no Estado.

Na avaliação da coordenadora do BLH do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), Sílvia Furlin, o número atual de doadoras é considerado bom, apesar de insuficiente para o abastecimento total da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin). A quantidade ideal, no entanto, não foi mensurada pela coordenadora. “Fechamos o último mês com 30 litros. Acontece que tudo depende do peso e volume que a criança vai receber”, disse.

Interessou-se? Estar saudável e amamentando são os primeiros passos para se tornar uma doadora de leite humano. De acordo com Sílvia, as mamães interessadas devem se dirigir à maternidade para preencher um cadastro e fazer os testes de HIV e VDRL, que detecta a sífilis. Com os resultados negativos, a mulher já se torna apta para doar. A partir daí, ela recebe um kit contendo máscara e touca, além de orientação para a retirada do leite.

As que não podem se dirigir à maternidade podem contar com o apoio do projeto Bombeiro Amigo do Peito. No Brasil, alguns bancos de leite desenvolvem projetos ou programas junto ao Corpo de Bombeiros Militar. Em Roraima, a equipe do Bombeiro Amigos do Peito passa rotineiramente nas casas das doadoras para recolher o leite humano congelado. (A.G.G)

Funcionária conta com apoio da empresa onde trabalha para continuar doando

Nesta quinta-feira, 17, a filha da auxiliar de biblioteca Ivone Rodrigues completa cinco meses de vida. Ivone contou que foi no quarto dia de vida da filha que decidiu se tornar uma das 60 doadoras do Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN). A motivação? Ter compartilhado do sentimento de mães e bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin).

Há quase três anos, ela acompanhou uma prima que teve os filhos gêmeos internados na Utin e precisaram receber o leite humano. Um deles, entretanto, não resistiu. “É uma causa que sensibiliza mesmo quem não convive. Mas quando você convive, a sensibilização é mais forte. A doação deve ser feita pelos bebês e pelas mães que gostariam de amamentar e infelizmente não podem”, relatou.

Um dos casos mais marcantes, segundo ela, foi o de uma prima que nasceu prematura e com má formação no coração. Ivone ficou grávida quase na mesma época que a tia. Desde a descoberta, elas passaram a compartilhar fotos e sentimentos em relação aos nascimentos. No entanto, a prima veio a falecer nove dias após o nascimento da filha. Foi por ter acompanhado toda a gravidez e o processo junto aos doadores que resolveu ser voluntária.

Quase cinco meses após a decisão, ela destacou que vê a doação como uma causa nobre. “Quando a gente vira mãe, os olhos para o mundo mudam. Não é preciso conviver com mães e bebês que passaram pela situação para decidir ser doadora. Doa leite quem quer, não só quem tem sobrando. Com a devida orientação que o BLH proporciona, qualquer mãe que supre o próprio filho pode doar também”, alertou.

Há quase um mês de volta ao emprego, Ivone continua doando e amamentando a filha exclusivamente com leite materno. Graças às orientações recebidas no Banco de Leite, ela consegue armazenar o leite em casa e permanecer na alimentação exclusiva. No trabalho, por sua vez, o apoio foi receber um local para retirar e armazenar o leite. Após o procedimento, a equipe do Bombeiro Amigo do Peito se dirige ao local e transporta o alimento à maternidade. “É uma iniciativa que pode estimular outras. É puxado, mas é possível”, pontuou. (A.G.G)

Mãe de prematuro reforça importância da doação de leite

O aleitamento materno é a principal fonte de alimento ao bebê. Para o que nasce de forma prematura, a necessidade é mais exclusiva ainda. Pela chegada antes do tempo, o organismo das mães entende que ele já não precisa produzir o leite, uma vez que o estímulo proporciona a produção. No entanto, com o bebê na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), a amamentação não é possível. É aí que entra o Banco de Leite Humano (BLH).

A estudante Jhully Morais conheceu o Banco de Leite há pouco mais de dois anos, quando o segundo filho, Daniel Valentim, nasceu aos cinco meses de gestação, pesando 866 gramas e medindo 34 centímetros. No começo ela conseguia ordenhar, chegando a tirar até 150 mililitros de leite, mas pouco tempo depois parou de produzir. “Eu vejo a importância do leite como algo essencial. As mães que ajudam salvam vida, é como a doação de sangue”, disse.

Atualmente, Daniel Valentim tem dois anos cronológicos e um ano e dez meses corrigido. Isso porque as mães de prematuro costumam contar a idade de duas formas: a cronológica, referente ao dia do nascimento até o momento atual, e a corrigida, que representa o dia que o bebê deveria ter nascido até o momento atual. Previsto para nascer no dia 8 de julho, Daniel nasceu no dia 31 de março de 2016.

Foram exatos 95 dias entre Utin, Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e o bloco A da maternidade, onde o bebê já fica acompanhado da mãe. Mesmo sem precisar mais do leite, Jhully contou que continua trabalhando com a causa, tendo em vista os filhos de outras colegas que ainda precisam do alimento. “Eu não posso doar, mas a gente faz a conscientização porque mãe de prematura entende a importância do aleitamento e da doação”, finalizou. (A.G.G)