Cotidiano

Sinter discorda de paralisação de professores estaduais

Sindicato confirma que a categoria está insatisfeita com a falta de reajuste salarial e aumento na carga horária

À Folha, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter) esclareceu que não concorda com a paralisação de professores prevista para acontecer na manhã desta quarta-feira, 2, em frente ao Palácio Senador Hélio Campos.

Um dos motivos do esclarecimento ocorreu por conta da matéria “Professores da rede estadual paralisam atividades amanhã”, publicada na edição de ontem, 1º, em que uma fotografia de arquivo mostra um dos membros da diretoria do Sinter durante a greve dos professores ocorrida em 2015, embora a paralisação seja conduzida pelo Movimento Organizado dos Trabalhadores em Educação (Mote).

Segundo o presidente em exercício e representante do Departamento Jurídico do Sinter, professor Jefferson Dantas, sindicalizados entraram em contato com a entidade para obter esclarecimentos sobre a paralisação. “Desde as 6h da manhã, nós recebemos ligações do interior, questionando se nós convocamos alguma paralisação”, informou Dantas.

O presidente em exercício acrescentou que é contra a paralisação e reforçou que quem responde pela categoria dos professores em todas as esferas, seja estadual ou municipal, é o Sinter. “No entanto, nós não podemos ser levianos. Se um grupo quiser fazer um movimento independente, não há problema nenhum. Só não pode utilizar a figura da instituição Sinter para chamar a atenção dos professores”, afirmou.

O professor Ornildo Roberto, membro do Sinter, esclareceu que todo e qualquer movimento realizado pelo sindicato é decidido em Assembleia Geral. “O chamamento foi feito por um grupo de oposição à direção do Sinter. Nós estamos trabalhando para que, mais tarde, a gente seja recebido pelo Governo. Quando tivermos algo de concreto, vamos convocar a categoria”, frisou.

Sindicato confirma ‘insatisfação’ da categoria

O presidente em exercício do Sinter confirma que a categoria está insatisfeita, principalmente, com a falta de reajuste salarial para os trabalhadores estaduais. Dantas afirmou que, no ano passado, o Governo sinalizou o reajuste em reunião com os sindicatos dos trabalhadores estaduais.

“Naquele momento, a proposta era de 15%. Seria repassado 7,5% em 2017 e 7,5% em 2018. O que foi definido é que o Governo daria esse valor em outubro retroativo a maio, mas isso não aconteceu”, disse Dantas. “Quando a gente faz o cálculo com a inflação, há uma perda salarial de cerca de 30%. Para quem ganha R$ 2 mil, já dá R$ 600. É um valor substancial”, afirmou.

Outros pontos reivindicados pelo Sinter são o aumento na carga horária, o decreto do Governo de redução de gastos que impede o pagamento das progressões verticais e horizontais, má condições das escolas, falta de material pedagógico, quantidade alta de aluno por turma e sem perspectiva de aumento no pagamento.

Sinter não descarta possibilidade de paralisação

Por conta destas demandas dos trabalhadores em educação e dos servidores estaduais, Jefferson Dantas informou que o Sinter não descarta uma paralisação, mas que para isso acontecer é preciso primeiro trabalhar junto com todos os professores e servidores públicos, para depois montar um planejamento estratégico e convocar uma manifestação.

O presidente em exercício do Sinter disse que, para uma manifestação, é preciso se basear primeiro em um tripé: de cunho político, jurídico e, por fim, da sociedade. “Primeiro vamos junto ao Governo para ver se conseguimos atender as demandas do trabalhador. Caso contrário, seguimos para o segundo passo, onde iremos cobrar na Justiça as perdas que o trabalhador está tendo. O terceiro ponto, aí sim, seria a deflagração da greve, com a sociedade ciente do que nós estamos fazendo e estamos perdendo. A mobilização através da conscientização”, informou.

Dantas afirmou que o Sinter já solicitou uma reunião com a Secretaria Estadual de Educação (Seed) para debater a reivindicação da categoria. Caso a reunião não ocorra durante o mês de maio, o Sinter deverá organizar uma visita nas escolas da Capital e do interior, para sensibilizar os colegas sobre uma paralisação de advertência, no mais tardar, em junho, com a devida comunicação às autoridades.

“O que nós precisamos fazer é construir com seriedade, justamente, um planejamento estratégico, de pressão, mas organizado. Não um movimento de atropelamento. Queremos chamar a categoria dentro de um movimento responsável, onde as pessoas vão ter ciência do que está acontecendo. Por isso é importante nós construirmos um movimento, de norte a sul do Estado, para mostrar para o Governo e para a população que nós temos força”, frisou.

ENTENDA O CASO – O Movimento Organizado dos Trabalhadores em Educação (Mote) realiza hoje, 2, uma manifestação em frente ao Palácio do Governo reivindicando pagamento do retroativo das progressões, reposição salarial e o enquadramento de mais de 1.200 professores. O Mote também solicita melhoria nas unidades de ensino, nas entregas das merendas, no material e transporte escolar. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) afirmou que não foi informada oficialmente sobre a paralisação. (P.C)