Cotidiano

Sintraima fecha as portas de órgãos e secretarias

‘Da mesma forma que o governador não está cumprindo as leis, nós temos o direito de fazer um movimento diferenciado’, disse presidente do sindicato

O Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo de Roraima (Sintraima) intensificou a cobrança de diálogo com o governo em relação ao cumprimento dos Planos de Carreira, Cargo e Remuneração (PCCRs). Na manhã de ontem, 21, foram fechadas as entradas da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima (Iteraima) e Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

“Da mesma forma que o governador não está cumprindo as leis, nós temos o direito de fazer um movimento diferenciado, que é este. A que ponto nós chegamos para reivindicar nossos direitos? Estamos buscando nossos direitos através deste ‘recado’ mandado ao governador: nós queremos negociar, entendimento e que sejam efetivados os PCCRs”, comentou o presidente do Sintraima, Francisco Figueira.

FEMARH – Servidores efetivos da Femarh já haviam anunciado greve em 11 de maio. Ontem, a fundação estava com os portões trancados no início da manhã, mas, segundo servidores que estavam protestando no local, a diretora abriu outra entrada e os que não participam da greve entraram no prédio.

Houve um conflito entre os grevistas e os servidores que queriam entrar e todas as entradas foram liberadas. Mas, de acordo com Rubem Leite, analista administrativo e um dos grevistas, a situação foi resolvida rapidamente.

“Quando chegamos às 7h30, os portões e as portas estavam trancados e aí chamaram a polícia. Todos os funcionários estavam aqui na frente e teve um principio de discussão entre a diretora e o presidente do sindicato em função desta demanda de atendimento de nossos pleitos”, contou Leite.

ITERAIMA – No Iteraima, os portões permaneceram trancados e não há previsão para quando o ato e a paralisação dos servidores terminarão. Os funcionários já haviam deflagrado a greve há um mês, em 22 de fevereiro, também protestando pela Lei 1257 de 2018 que rege os PCCRs.

“A luta por esse plano começou em 2014. A briga que travamos hoje é antiga, conseguimos essa aprovação em 2018 por meio dos deputados que receberam notas técnicas do Iper, da Seplan e de outros órgãos, e só buscamos a efetivação”, declarou um servidor do Iteraima que preferiu não ser identificado.

Ainda de acordo com este servidor, em 2018 foi realizado um acordo entre os servidores e a ex-governadora Suely Campos para o cumprimento da tabela a partir de janeiro deste ano.

“O governador em campanha abraçou a causa e disse que cumpriria o plano, foi eleito e não cumpriu, cancelou um concurso, demitiu servidores e fechou o Mafir. Ou seja, tudo que ele prometeu para nós, jogou por água abaixo e está com o mesmo discurso dizendo que não tem como pagar”, complementou.

ADERR – Os servidores da Aderr deflagraram a greve ontem por razões diversas e o prédio da agência também foi fechado. Entre os motivos para a greve, o presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Estado de Roraima, Claudionei Simon, destacou que o principal é a falta de valorização dos profissionais.

“Ao longo dos últimos dez anos, os servidores têm se dedicado com muito compromisso e responsabilidade em suas ações para que possamos valorizar os produtos agropecuários no Estado de Roraima e tivemos grandes conquistas: área livre e com vacinação e a exportação de frutas sem o hospedeiro da mosca da carambola. Mas, por outro lado, o governo não oferece o mínimo de condições de valorizar estes servidores”, disse Simon.

Os postos de vigilância agropecuária também entrarão na greve. Eles atuam no controle de pragas e doenças, bem como fazem a vigilância nos países vizinhos, ou seja, têm a função de resguardar os rebanhos e produção agrícola do Estado. 

“Não vai mais haver a fiscalização nos postos de vigilância agropecuária. O posto do Bonfim já está liberado, não tem nenhum servidor fazendo as abordagens e os demais postos não irão ter a troca de plantões. Quem está de plantão, cumprirá o plantão, e os próximos servidores não farão a troca”, disse.

SEAPA – Houve uma confusão entre os servidores comissionados e os efetivos que estão em greve na Secretaria de Agricultura por causa da porta principal que foi trancada. Tentamos contato com os manifestantes que estavam em frente à secretaria, mas fomos informados que os servidores não iriam se manifestar.

O OUTRO LADO – O Estado informou por meio de nota que iniciou diálogo, de forma transparente, com representantes do Sintraima para buscar consenso, considerando a grave crise financeira que o Estado está passando, constatado inclusive em decreto de calamidade pública financeira.

Foi informado por nota também que o governo mantém aberto o canal de diálogo com a categoria para um entendimento que possa contemplar os anseios dos servidores, dentro das possibilidades atuais.

Tentamos falar novamente com o presidente do Sintraima, Francisco Figueira, após a resposta do Estado, mas não conseguimos obter um novo contato.(F.A.)