Cotidiano

Surto de malária se agrava com falta de medicamentos

Quase 50 casos em indígenas de comunidades ribeirinhas e moradores da Vila de Santa Maria do Boiaçu foram confirmados

Os riscos de uma epidemia de malária no Baixo Rio Branco estão iminentes. Pelo menos, é isso que aponta a população de Santa Maria do Boiaçu, em Rorainópolis.

Pelo menos 45 casos de malária já foram confirmados de indígenas que vivem em comunidades ribeirinhas do Rio Catrimani, além de outros quatro entre moradores da vila.

Os indígenas estariam usando remédios da vila para tratamento, uma vez que o hospital de Santa Maria do Boiaçu é o mais próximo que oferece esse tipo de medicação. O comerciante da cidade, Niko Sena, contou à equipe de reportagem da Folha que o problema se agrava muito mais pelo fato de que não há mais medicamentos no hospital da vila, de responsabilidade do Governo do Estado.

“Nós só possuímos um leito. O hospital de Santa Maria está passando por uma reforma, que está parada há dois meses e, com a chegada dos indígenas doentes, a maior parte dos remédios acabou. Além disso, acreditamos que eles transmitiram a doença para pessoas da vila. Já são quatro casos de moradores confirmados por aqui, mas acreditamos que pode haver muito mais”, contou.

Niko contou que foi escolhido pelos vizinhos para fazer a denúncia, pois eles são servidores públicos e têm medo de represálias.

“A população quase não fala nada sobre essas coisas. Por puro medo mesmo. Já presenciei situações de pessoas serem transferidas para outros lugares ou receber ameaças por causa de críticas. É bem difícil, pois dificulta bastante para nós falarmos de nossos problemas”, explicou.

A mensagem da população repassada por Niko é que o surto de malária não apenas é uma possibilidade, mas sim algo que já está ocorrendo.

“Estamos na iminência de uma epidemia de malária, pois estamos com vários casos positivos em regiões próximas. Pedimos socorro às autoridades, senão aqui no Baixo Rio Branco vai virar um caos, pois o hospital não tem mais condições de dar suporte”, disse.

OUTRO LADO – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que, por meio da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), está traçando estratégias em conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde, tanto de Rorainópolis, quanto de Caracaraí, municípios que possuem vilas localizadas na região do Baixo Rio Branco.

“Esse trabalho de planejamento tem como foco principal, evitar a proliferação da malária nas comunidades ribeirinhas.”, complementou. Mais medicamentos e testes rápidos para o diagnóstico da malária estão sendo encaminhados ao hospital de Santa Maria do Boiaçu. (P.B)