Cotidiano

Transplantes serão realizados a partir do ano que vem em RR

A Central Nacional de Transplante justifica a especificidade dos transplantes devido ao número de habitantes em Roraima

A Central Estadual de Transplantes vai dar mais um passo em 2019. É que a partir do ano que vem, serão iniciados os transplantes renais e de córneas. Desde sua implantação efetiva, em 2015, a Central de Transplantes trabalha na questão de processos e treinamentos, que inclusive já possibilitaram serviços de captação de órgãos no Estado para outras localidades, mas não com a realização de transplantes.

Mas por que apenas dois tipos de transplantes serão realizados? A Central Nacional de Transplante justifica a especificidade devido ao número de habitantes em Roraima. Ao realizar um estudo populacional, o estado ainda não apresenta um índice necessário para a execução de outros tipos de transplantes. No caso, os pacientes que não se encaixarem nesse grupo serão encaminhados a outros centros, como já acontece.

Atualmente, pelo fato do serviço de transplante em si não ser ofertado em Roraima, o paciente que precisa do atendimento é inscrito no Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para receber a devida ajuda de custo e, dessa forma, garantir o tratamento em outro estado. Por outro lado, a Central já integra o sistema nacional fornecendo órgãos captados. Rins, fígado, coração para válvulas e córneas são exemplos de captações já realizadas.

Para o coordenador da Central Estadual, Douglas Teixeira, a logística é uma das principais dificuldades enfrentadas. Tanto que, normalmente, é preciso que um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) esteja disponível. “Mas ele nem sempre está pronto, às vezes até por estar captando órgãos em outro local, então acabamos prolongando um pouco o tempo de espera para a captação”, explicou.

Outra dificuldade destacada é a decisão da família em doar os órgãos do parente. O índice de negativa familiar é menor que da média nacional, mas ainda é alto. É preciso que os membros da família conversem entre si para que, em um momento de dor, quando for levantada a possibilidade da doação, eles decidam colaborar. Normalmente a família tende a atender o desejo da pessoa que faleceu e cabe só a eles a decisão. “Sem doação, não tem transplante”, concluiu.

Um dos transplantes ofertados a partir do ano que vem será o de rins (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Dados do registro brasileiro da Associação Brasileira de Transplantes apontaram que, de janeiro a setembro deste ano, Roraima teve 29 potenciais doadores e três doadores efetivos. Conforme a pesquisa, potenciais doadores são os pacientes com uma injúria cerebral que tiveram o protocolo de morte encefálica aberto e, os doadores efetivos, os que tiveram um órgão sólido retirado.

Vale ressaltar que, para se tornar uma situação justa, a associação faz um comparativo populacional por milhão de população. Nesse sentido, considerando os mais de 500 mil habitantes do estado, Roraima registrou 71,4 potenciais doadores por milhão de população e 7,7 doadores efetivos por milhão de população durante o período.