O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incentivou os militares venezuelanos a aceitarem a anistia oferecida pelo líder opositor Juan Guaidó. Caso contrário, segundo Trump, “perderão tudo”.
— Podem escolher entre aceitar a generosa oferta de anistia do (autoproclamado) presidente Guaidó e viver sua vida em paz com suas famílias e seus compatriotas. Ou podem escolher o segundo caminho: continuar apoiando (o presidente Nicolás) Maduro. Se elegerem este caminho, não encontrarão um refúgio, não haverá uma saída fácil. Perderão tudo — disse Trump a cerca de 300 venezuelanos em Miami, referindo-se aos militares.
Ele também afirmou que “os dias do socialismo e do comunismo estão contados” na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua.
— Um dia veremos o que as pessoas farão em Caracas, Managua e Havana. E quando a Venezuela for livre, Cuba livre e Nicarágua livre, seremos o primeiro continente livre na história humana — completou.
O governo venezuelano respondeu e denunciou que “as ameaças” do presidente americano atingirão os “países irmãos”. De Caracas, Maduro respondeu ao apelo do presidente americano aos militares:
— Donald Trump acredita na potestade de dar ordens e que a Força Armada Nacional Bolivariana vai cumprir as ordens dele. A Donald Trump, o chefe do império, vamos responder com a moral, com a verdade, com união. Subestimam um país inteiro — disse durante ato de governo transmitido pela TV venezuelana.
Mais cedo, Juan Guaidó também exigiu aos militares que deixassem entrar no país a ajuda humanitária, apesar de o governo de Maduro ter ordenado bloqueá-la por considerá-la o início de uma invasão militar americana.
— A ordem está dada. De novo, senhores da Força Armada: permitam que entre a ajuda humanitária. Vocês têm a oportunidade de se colocar ao lado da Constituição, das necessidades do povo — assegurou Guaidó, líder do Congresso de maioria opositora.
Reconhecido como presidente interino por cerca de 50 países, Guaidó está preparando mobilizações em todo o país para acompanhar voluntários que irão à fronteira em caravanas de ônibus em busca de toneladas de remédios e alimentos, armazenados no Brasil, na Colômbia e em Curaçao.
— Em 23 de fevereiro, a ajuda humanitária de um jeito ou de outro vai entrar na Venezuela e em todos os cantos do país vamos nos mobilizar. As brigadas irão em caravana, enquanto haverá protestos (…). Não será através do medo que vão nos deter — assegurou.
As remessas de assistência realizadas em aviões militares dos Estados Unidos permanecem nos armazéns da cidade colombiana de Cúcuta, perto da ponte fronteiriça de Tienditas, bloqueada por militares venezuelanos com caminhões e outros obstáculos.
O senador cubano-americano Marco Rubio, um dos artífices da política de Trump com relação à Venezuela, disse em Miami, após voltar de uma visita relâmpago a Cúcuta, que “se os Estados Unidos agirem militarmente em qualquer parte do mundo, vão saber”.