Cotidiano

Único cemitério público não tem mais vaga

Já houve casos de famílias necessitarem de ajuda de amigos para conseguir dinheiro para sepultar ente querido no cemitério particular

A falta de planejamento para a realização de sepultamentos no único cemitério público da Capital, o de Nossa Senhora da Conceição, no bairro São Vicente, zona Sul, tem sido motivo de reclamação por parte da população. Mesmo com as recentes ações realizadas pela Prefeitura de Boa Vista, no que diz respeito à regularização de jazigos, não há mais espaço para promover novos sepultamento.

“No ano passado, um filho recém-nascido de um amigo meu morreu. Fomos ao cemitério do São Vicente, já que a família não tinha condições de custear o sepultamento. Ao chegar, fomos informados pela administração que o local não tinha mais espaço. Mesmo eles tendo realizado uma campanha informando sobre regularização de túmulos e a gente tendo conhecimento de que alguns restos foram removidos para o ossário, não havia mais espaço por lá”, afirmou um leitor.

Sem outra opção, a família foi obrigada a buscar dinheiro para realizar o procedimento em outro cemitério. “Tivemos que juntar dinheiro para reservar um lugar no Cemitério Campo da Saudade, que fica no bairro Centenário e que é pago, porque não tem outro sepulcrário público. Infelizmente, isso é muito triste”, frisou.

A falta de novos cemitérios não é um problema antigo, sendo de conhecimento dos gestores públicos municipais. Segundo o líder comunitário Júlio César Rodrigues, houve discussões sobre um projeto de criação de um novo cemitério público, mas, sem qualquer justificativa, a ideia acabou sendo deixada de lado.

“Na época da gestão do então prefeito Iradilson Sampaio, ele teve o projeto nas mãos para fazer, mas recusou. Houve um vereador que apresentou esse projeto há cerca de cinco anos, mas não há, até hoje, uma justifica do porquê de eles não darem prosseguimento. O resultado é que agora a nossa população cresceu e, consequentemente, isso fez com que a demanda também aumentasse. Como não foi feito nada a respeito, o cemitério lotou e o resultado de tudo isso é que nós não temos mais onde enterrar os nossos entes queridos”, frisou.

Para ele, é preciso que a Prefeitura verifique a situação. Do contrário, os problemas em relação à falta de espaço para sepultamentos deverá se intensificar ainda mais com o passar dos anos. “Se hoje um ente querido falecer, para sepultá-lo será necessário pagar algo em torno de R$ 5.200,00 a R$ 6 mil. E ainda existem situações em que o sepultamento pode chegar a R$ 15 mil, dependendo apenas do local e do tipo de túmulo que você vai construir”, comentou Rodrigues.

“No mínimo, a pessoa deveria ser sepultada a R$ 300,00, enquanto no particular se paga R$ 5 mil, fora os outros encargos. Eu vejo isso como um absurdo. Por outro lado, os empresários que gerenciam o cemitério particular têm o direito de fixar o valor que acharem necessário, o mercado é livre. Mas o que eu estou cobrando aqui é uma posição da Prefeitura em relação ao cemitério público”, salientou.

PREFEITURA – Por meio de nota, a Prefeitura de Boa Vista afirmou que o Cemitério Nossa Senhora da Conceição cumpre um ciclo de sepultamento em que todos os anos são reutilizadas sepulturas abandonadas. De acordo com a Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas (Smga), os familiares tiveram até o dia 04 de novembro do ano passado, para regularizarem a situação dos jazigos no cemitério.

Dos 105 túmulos considerados abandonados, apenas cinco foram regulamentados. O prazo iniciou no dia 21 de setembro e a lista com os nomes dos proprietários foi publicada no Diário Oficial do Município de mesma data.

A Prefeitura ressaltou que a regulamentação é obrigatória após cinco anos do sepultamento. Os jazigos que não forem regularizados serão reutilizados. “Após a regularização, o responsável pelo túmulo recebe o título perpétuo e não precisa mais realizar o procedimento. Atualmente, o Cemitério Nossa Senhora da Conceição possui 1.500 sepulturas”, informou. (M.L)