Cultura

Leiloeira mais prestigiada do mundo é vendida por R$ 15,2 bilhões

Depois de três décadas no mercado aberto, Sotheby's volta para as mãos de uma pessoa física

A Sotheby’s, uma das leiloeiras mais prestigiadas do mundo, concordou em ser vendida para o colecionador de arte franco-israelense Patrick Drahi por US$ 3,7 bilhões (R$ 15,2 bilhões, na cotação de julho), devolvendo a propriedade da empresa para uma pessoa privada após três décadas de mercado aberto. 

A empresa sediada em Nova York, nos Estados Unidos, e que celebrou seu 275º aniversário neste ano, anunciou no começo do mês que aceitou a oferta feita por Drahi, um empresário da mídia e das telecomunicações, e que valeu 60% mais do que o preço fixado pelas ações em Wall Street até a semana anterior. O acordo, porém, vai precisar ser aprovado pelos sócios da leiloeira e pelas autoridades, mas deve ser assinado ainda no final deste ano. 

Drahi, que vive na Suíça, disse que está “honrado com a decisão da Sotheby’s”. “Ela é uma das marcas mais elegantes e inspiradoras do mundo. Como um cliente de longa data e um admirador de toda a vida, eu estou adquirindo a Sotheby’s junto com a minha família”, afirmou, segundo o jornal New York Times. Atuante no negócio de joias, peças de arte, artigos históricos e artefatos raros, ela também tem um leilão de imóveis de luxo espalhados pelo mundo e de carros de luxo – muitos deles exclusivos.

Embora a rival Christie’s ocupe o topo da maioria das listas de vendas de obras de arte, a Sotheby’s fez seu nome por meio de leilões de peças e de livros históricos, como um exemplar de 710 anos da Carta Magna britânica, negociada por US$ 21,3 milhões (R$ 80,2 milhões), e a sequência de O Grito, do pintor norueguês Edvard Munch, feita em 1893 e negociada por US$ 120 milhões (R$ 452 milhões) em 2012.

Drahi, cuja fortuna é estimada em R$ 35 bilhões, segundo a revista britânica Forbes, fez sua fortuna por meio das indústrias de mídia e de telecomunicações. Ele é fundador e sócio-majoritário de empresas como a Altice, que ele construiu por meio da aquisição de várias empresas pequenas. O chefe-executivo da Sotheby’s, Tad Smith, disse que os planos de crescimento da casa de leilões seriam mais fáceis em um “ambiente privado flexível”. 

A Sotheby’s apareceu na lista de negócios de Nova York apenas em 1988, mas tem 275 anos de história – meio século da criação de Wall Street. A empresa foi fundada em Londres, na Inglaterra, em 1744, pelo vendedor de livros Samuel Baker, que negociava apenas exemplares raros. Seu primeiro pregão teve a venda de várias obras da biblioteca de um aristocrata britânico, Sir John Stanley, que geraram quase 900 libras à época. No entanto, a casa só entrou no mercado de artes na segunda metade do século 20, quando se mudou para Nova York com o intuito de se tornar mais importante.

Entre os pregões históricos da Sotheby’s nos últimos anos está a venda do par de brincos mais caros da história: US$ 57,4 milhões (R$ 202 milhões) por duas peças de diamante negociadas individualmente em um leilão em Londres, em maio de 2017. Batizados de Apolo e Ártemis – os irmãos mais venerados da mitologia grega -, a Sotheby’s afirmou que eles são também os brincos mais valiosos vendidos em um leilão, negociados com uma única pessoa que não quis se identificar. 

Foi a leiloeira também que intermediou a negociação pelo diamante “Pink Star”, que se tornou, em abril do ano passado, a pedra mais cara do mundo, vendida por US$ 71,2 milhões (R$ 267,3 milhões), incluindo os valores da premiação do comprador. A peça de 59 quilates é o maior diamante rosa certificado pela Diamond Grading Reports & Services (GIA) e foi negociada em Hong Kong.

No mês passado, a Sotheby’s anunciou que vai colocar à venda, em um leilão em agosto, um Porsche Type 64, de 1939. O veículo, que não é um protótipo, foi produzido antes do fim da Segunda Guerra Mundial e da formação oficial da empresa, há 70 anos – marcada pela produção do 356. A expectativa é de negociar o modelo histórico por US$ 20 milhões (R$ 79 milhões).