Cultura

Sepultura - Quadra - O asteroide que rompeu a estratosfera do caos

Novo disco soa moderno, épico e agressivo. Confira a resenha

Por Michel Sales

O Sepultura, em 2020, lançou o ‘Quadra’, álbum fabuloso e significativo em sua discografia que já se mostrava ausente de uma obra-prima avassaladora frente aos renomados Beneath The Remains, Arise e Chaos A.D.

Destacando a fase Derrick Green (V), desde o Revolusongs e Kairos não se via o Sepultura tão criativo, competente e insano, aliás, até no Mediator… (álbum que merecia uma repaginada na produção por possuir músicas de grande potencial) e Machine Messiah observamos uma evolução latente até chegar ao fantástico Quadra, caracterizando o melhor da banda num álbum viciante de curtir.

Os trabalhos do Sepultura pós Max Cavalera já haviam distanciado muitos dos fãs mais carrancudos da banda, as chamadas ‘viúvas’, até porque o Sepultura tem buscado encontrar uma identidade mais condizente com as mudanças sofridas. E nestes mais de 20 anos de Derrick urrando nas mais diversas compilações da banda, afirmo que Quadra é o disco que reabilita o Sepultura na cena metal com soberba ascensão.

Deste álbum é fácil destacar todas as faixas com méritos positivos, sobretudo, favorecendo os belos vocais limpos e os mais rasgados do ‘Verde’, quando até mesmo beiram o sarcasmo com categoria ímpar em cada faixa, remetendo suas nuances expressivas baseadas em conceitos sociais, religiosos, culturais, econômicos, educacionais e legislativos como regras impostas a vida, referendadas em Quadrivium, por John Martineau, que compreende as quatro artes liberais da aritmética, geometria, música e cosmologia, estudadas da Antiguidade até a Renascença como uma maneira de vislumbrar a natureza da realidade.

De fato, Derrick e os demais integrantes do Sepultura levaram uma bela puxada de orelha de Jens Bogren, que literalmente espremeu os camaradas na produção do Quadra. No mais, ouça cada música deste petardo tirando suas próprias conclusões. Resumidamente, Quadra é um disco moderno, progressivo e ás vezes gótico, orquestrado, sobretudo, épico e agressivo. Vida longa ao Sepultura que já conta com 36 anos de carreira. Disco nota 10.

Músicas: 1. Isolation – 2. Means to an End – 3. Last Time – 4. Capital Enslavement – 5. Ali – 6. Raging Void – 7. Guardians of Earth – 8. The Pentagram – 9. Autem – 10. Quadra – 11. Agony of Defeat – 12. Fear, Pain, Chaos, Suffering (Participação de Emmily Barreto, do Far From Alaska). Vale destacar que até mesmo numa audição aleatória Quadra agrada esplendidamente.

Arte: Christiano Menezes (Darkside Books). Fotos: Divulgação. Sepultura é: Paulo Xisto Jr. (B), Eloy ‘Trator’ Casagrande (D), Derrick Green (V) e Andreas ‘Rifferama’ Kisser (G).