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Mesmo com vacina, volta ao trabalho presencial encontra resistência

Empresas planejam retorno à normalidade, mas enfrentam tendência entre funcionários

O home office, adotado por muitas empresas durante a pandemia de Covid-19, devido à necessidade de distanciamento social, conquistou os colaboradores. No entanto, após mais de um ano vivendo essa realidade, com o avanço da vacinação e a flexibilização do isolamento social, escritórios de todo o mundo planejam reabrir suas portas nos próximos meses, mas os funcionários aparecerão? 

Nos Estados Unidos, um estudo realizado pelo The Conference Board mostra que, especialmente, os jovens millennials questionam a conveniência de retornar ao local de trabalho, dada a crença de que a produtividade permanece alta enquanto trabalham remotamente.

Segundo dados trazidos pela plataforma, 48% dos millennials, definidos como pessoas nascidas entre 1981 e 1996, são resistentes ao retorno. Já entre os profissionais da geração X, nascidos entre os anos de 1965 e 1980, o percentual chega a 38%, enquanto entre os baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964, 33%.

Esse movimento é observado em diversos países e coloca em risco a inflexibilidade de empresas que exigem dos colaboradores que trabalhem como antes. No Brasil, por exemplo, uma pesquisa da consultoria de recursos humanos Robert Half revelou que muitos profissionais consideram trocar de emprego, caso não tenham mais a opção de trabalhar em casa. 

Segundo o levantamento, quatro em cada dez, ou 44,1% das mulheres, informaram que optariam por outra opção de trabalho remoto – ao menos, parcial. Entre os homens, o percentual é um pouco menor, com 31,4%. 

Quando perguntados sobre como gostariam que fosse o modelo de trabalho adotado pela empresa após a pandemia, 63,8% declararam que gostariam de trabalhar mais dias da semana em casa do que no escritório, e apenas 16,7% preferem a frequência inversa. 

De acordo com a consultoria, a imensa adesão ao trabalho remoto vem da percepção de que optar pela modalidade em alguns dias da semana deixou de ser um benefício concedido pela empresa e passou a ser um regime de trabalho. Com isso, 76,5% dos profissionais passaram a considerar o home office um novo modo de trabalhar. Não à toa, a procura por vagas de emprego em BH, Boa Vista, São Paulo e em outros lugares que contemplem o modelo 100% em casa ou híbrido está cada vez mais em alta. 

No lado das empresas, mais da metade – cerca de 58,1% – ainda não definiu como será o modo de trabalho após a pandemia. Entre aquelas que já anunciaram a decisão, o modelo híbrido é o mais adotado. Já o índice de retorno total ao escritório é de 21,4% dos participantes. 

A pesquisa da Robert Half entrevistou 358 pessoas, entre os dias 29 de junho e 19 de julho, considerando trabalhadores e desempregados que buscam recolocação.