Inovação e Tech

Open Banking: o processo que vai democratizar o sistema financeiro

Padronização da tecnologia deve incentivar a troca de informações, estimular a criação de novos serviços e acirrar a concorrência no setor

Um sistema financeiro aberto, no qual o cliente tem controle sobre os seus dados e liberdade para escolher os serviços que mais se adequam à sua realidade. Essa é a proposta do Open Banking, que passa a vigorar de maneira completa no Brasil em 2021, após a conclusão da última etapa de implementação, prevista pelo Banco Central para meados de dezembro do próximo ano. Baseada na padronização da tecnologia utilizada por bancos e demais empresas do mercado financeiro, a prática vai incentivar a troca de informações, estimular a criação de novos serviços e acirrar a concorrência no setor.

Com o advento do Open Banking, o consumidor terá a possibilidade de, por exemplo, transferir todos os seus dados financeiros para um único aplicativo, mesmo que ele receba o salário por um banco, tenha o carro financiado por outro, um empréstimo com um terceiro e invista em criptomoedas como a DAI Coin em uma exchange. Isso será possível por meio do uso de APIs (application programming interfaces) abertas, tecnologia capaz de criar interfaces que se comuniquem com o objetivo de permitir a troca de dados entre as empresas. Um exemplo de API aberta é a utilizada por empresas de redes sociais, que permitem, com a autorização do usuário, que outras empresas utilizem os seus dados para criar formas mais ágeis de cadastro.

Apesar da padronização, cada banco, empresa ou startup financeira continuará com a possibilidade de desenvolver seus produtos de forma autônoma. O que muda com a implementação do Open Banking é a facilidade de integrar esses produtos a novos serviços, por meio da troca de dados, o que só poderá ser feito com a expressa autorização do consumidor. O sistema já funciona nos bancos da União Europeia desde 2019 e está sendo estudado por países como Estados Unidos, Austrália e Japão.

Vantagens 

A principal vantagem da adoção do Open Banking no Brasil, segundo especialistas, é a possibilidade de aumentar a concorrência no setor financeiro, atualmente concentrado em cinco instituições financeiras. O aumento da competitividade, por sua vez, trará impactos positivos na ampliação dos serviços e na diminuição dos preços. Além disso, ao ter acesso completo aos seus dados financeiros e liberdade para movimentá-los, o cliente terá mais autonomia para gerir seus investimentos. 

  

Dados que serão compartilhados

O compartilhamento de dados previsto no Open Banking será feito respeitando as políticas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). De acordo com o Comunicado 33.455 do Banco Central, algumas das informações que podem ser compartilhadas a partir da adoção do novo modelo são: dados cadastrais, dados de transações, detalhes dos produtos oferecidos pelas instituições financeiras e serviços de pagamentos.