Cotidiano

Zona Azul divide opiniões entre comerciantes do Centro

Há ainda a Zona Amarela, para tempo mínimo de uma hora, e a Zona Branca, que possui uma tolerância para estacionar de 15 minutos

A Zona Azul, espaço de estacionamento cobrado por parte do Poder Público, só será implantada de forma educativa na próxima terça-feira, 15, com cobranças começando a partir de 15 de fevereiro, mas já vem despertando reações tanto positivas quanto negativas de comerciantes da Avenida Jaime Brasil, centro comercial caracterizado pela constante “disputa” de veículos para arranjar vagas de estacionamento.

Avenidas adjacentes a Jaime Brasil também serão contempladas com os estacionamentos pagos, como é o caso da Sebastião Diniz, Getúlio Vargas, além da Rua Bento Brasil. As ruas Floriano Peixoto, Nossa Senhora do Carmo, Coronel Pinto, João Pereira de Melo, Inácio Magalhães e José Magalhães, e as avenidas Benjamin Constant e Sílvio Botelho, também estarão com zonas azuis, totalizando 1.600 vagas.

Para Andreza Freitas, proprietária de uma loja de vestuários na Jaime Brasil, a cobrança por estacionamento não funcionaria em um centro popular por não aparentar oferecer um retorno atrativo para clientes pela cobrança nos mesmos moldes de shoppings da capital.

“Imagine o seguinte: se o cliente precisar pagar para estacionar aqui, então, qual a vantagem em comparação com os shoppings? Lá, há toda uma customização, tem ar condicionado, e aqui é o comércio popular, que deveria ser democrático. E acredito que Boa Vista não possui tamanho para isso. É uma cidade que ainda está em desenvolvimento e não precisa disso”, comentou.

Já o gerente comercial de uma loja de produtos eletrônicos, Anderson Lopes, explicou que é comum pessoas se apropriarem de estacionamentos de forma que clientes não tenham a oportunidade de arranjar uma vaga dando maior proximidade deles com lojas de interesse.

“O estacionamento precisa ser para os nossos clientes, pois vejo muitos lojistas que estacionam nas vagas que poderiam ser de pessoas que querem comprar. Já teve clientes que me ligaram perguntando se há certos produtos da loja daqui em outros lugares, pois a busca por vagas é cansativa. Estamos com seis funcionários aqui, se estacionarmos lá fora, já seriam seis vagas a menos que clientes. Pelo que vi do valor, ele é simbólico, e não chega a ser tão prejudicial assim”, argumentou.

Ana Beatriz, proprietária de uma loja esportiva, afirmou que a Jaime Brasil vem sofrendo com uma diminuição de fluxo de pessoas desde o ano passado, o que vem gerando lucros mensais cada vez menores. Para ela, a Zona Azul só pioraria esse cenário ainda mais.

“O movimento em si já está ruim, dá para ver pelo número de pessoas andando por aqui, que vem diminuindo desde o ano passado. Na Copa [do Mundo] mesmo senti que as vendas não foram tão boas quanto o esperado e isso ocorre por causa da falta de dinheiro dos clientes. Por isso, algo que cobre para estacionar pode piorar nossa situação”, contou.

Já Caíque Nascimento, gerente administrativo de uma loja de acessórios para telefones, apontou que o efeito contrário pode acontecer, pois a diminuição de pessoas andando pela região pode estar ligada justamente ao trânsito difícil.

“Precisamos que haja uma rotatividade melhor no estacionamento, pois acabamos perdendo muitos clientes com carros que ficam estacionados por horas. Se for para estimular o fluxo de pessoas por aí, melhor, pois todos aqui são afetados pelo tanto que às vezes o cliente precisa andar para chegar aqui dependendo de onde conseguem estacionar”, apontou.

COMO FUNCIONARÁ – Apesar do nome popular ser Zona Azul, este é somente um dos espaços pagos que serão disponibilizados. Além dele, que delimita um tempo máximo de três horas para estacionamento, existe a Zona Amarela, para tempo mínimo de uma hora, e a Zona Branca, que possui uma tolerância para estacionar de 15 minutos. Os valores são pagos por hora: R$2 para carro e R$1 para moto. Condutores e 32 monitores estarão disponíveis para auxiliar, tirar dúvidas e fiscalizar. (P.B)