OPINIÃO

A alegria em ser membro da AVL

Sábado, 06/07, em uma noite quente, tomei posse na Academia Vianense de Letras, AVL, quarto sodalício que faço parte.

Tenho memórias afetivas com a cidade de Viana. Meus avós maternos, Agripino João Nunes e Maria do Carmo Aragão Nunes, assim como minha saudosa mãe, Maria da Conceição Aragão Nunes, são filhos de Viana.

Faço parte do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, uma casa de notáveis. Além da ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; e ATHEAR, Academia Ateniense de Letras e Artes, confrarias que reúnem amantes da literatura, poesia, artes em geral.

Estou feliz em participar deste movimento cultural que ressurge no Maranhão, terra de encantos, cultura, artes, e de um povo festeiro e de notáveis.

A convite da presidente Fátima Travassos, mulher altiva, dinâmica e que faz acontecer, cujo trabalho como Procuradora de Justiça e Corregedora-Geral Ministério Público do Estado do Maranhão é reconhecido por seus pares, -me desloquei até a cidade de Viana, distante 220 km de São Luís, para a solenidade de posse como Membro correspondente da AVL.

A Academia Vianense de Letras é exemplar. Com sede própria, auditório climatizado, fica em um bonito casarão, no centro histórico da cidade, que no último dia 08/07 completou 267 anos de fundação. Com o nome oriundo de Viana do Castelo, Portugal, nossa Viana é terra de muita história/estórias.

Quando lá estive pela primeira vez, nos anos 90, ainda no século passado, me hospedei na casa de João Trindade e Jacineiva, pais do querido amigo dos bancos da faculdade de Agronomia, Wellington Pereira Trindade. Quantas histórias boas ouvi naquela época. João Trindade era parente de minha avó, Maria do Carmo Aragão. Anos depois, através de Paulo Henrique Perna Cordeiro, conheci sua mãe, Cecé, figura ímpar, garantia de bom papo e muitas risadas. Cecé era parente da família Aragão.

A vida me presenteou com a amizade de uma vianense ilustre, a querida Milaid Gomes Licolau, estreitando ainda mais os laços com a terra de minha mãe e meus avós.

Quando vou a Viana, tenho a sensação de que se o escritor baiano Jorge Amado tivesse passado uma temporada por lá, sua obra seria mais fecunda, tamanha a riqueza cultural e originalidade de seu povo. Todo vianense, com seu sotaque único, é um personagem especial, que enriquece qualquer literatura.

As crônicas que publico nos jornais de várias cidades brasileiras, chegaram até Viana, através da professora Teresa Perna, que gentilmente apresentou-as em sala de aula na Escola Professor Antônio Lopes. Sempre elas. Tendo as mulheres à frente, a diretora da escola, prof. Izaura Santos é grande incentivadora e guardiã da cultura e das artes locais.

A professora Teresa gravou um vídeo mostrando os alunos lendo as crônicas e discutindo os temas abordados e me enviou. Quanta alegria senti. Um dos alunos, Pedro Paulo Corrêa, juntamente com sua mãe Márcia, fizeram uma surpresa. Quando inaugurei a exposição de fotografias “Andanças pelo mundo” no Mirante da Cidade. Vieram de Viana, e Pedro Paulo surpreendeu-me com seu carisma e sua poesia.

Minha entrada na AVL é um resgate, uma aproximação com a minha mãe, com meus avós. Somos feitos de memórias, fazer parte deste sodalício é a conectar-me com minha história.

“Trago dentro do meu coração, como num cofre que se não pode fechar de cheio,

todos os lugares onde estive, todos os portos a que cheguei, todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias. Ou de tombadilhos, sonhando, e tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero”, cito Álvaro de Campos, heterônimos de Fernando Pessoa, meu poeta preferido, para falar de minha alegria em juntar-me aos novos confrades na Academia Vianense de Letras.

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. 

Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências, ATHEAR, Academia Atheniense de Letras e da AVL, Academia Vianense de Letras.