OPINIÃO

A arte nos salva


Sábado, 08/06, tomei posse na ATHERT, conceituada Academia Atheniense de Letras e Artes, cujo lema é “O resgate das tradições artísticas da Athenas Brasileira”. São Luís desde a sua fundação tem sido carinhosamente apelidada com diversos nomes, entre eles, o de Athenas Brasileira. Este título não é apenas pomposo, mas uma homenagem à cidade repleta de escritores e poetas, que a imortalizam por meio de suas palavras. Só para termos uma noção de nossa importância cultural, na fundação da Academia Brasileira de Letras, no RJ, em 20 de julho de 1897, tinha quatro maranhenses: Graça Aranha, Arthur Azevedo, Coelho Neto e Aluísio Azevedo.

No discurso de posse falei da importância das artes no nosso cotidiano; parafraseando o escritor maranhense, Ferreira Gular: “A arte existe porque a vida não basta”. Não vivo sem arte: música, poesia, crônicas, todo tipo de literatura faz parte do meu cotidiano. Vivo cercado de quadros. Não há um só lugar no mundo que não visite livraria, galerias, bibliotecas, museus. A arte me transforma, me transborda. A arte aguça meus pensamentos.

Neste renascimento cultural que toma conta de nosso estado, eu, no outono da vida, estou feliz em participar desse novo ciclo.

Em agosto de 2023, a convite do professor José Augusto Oliveira ingressei no IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, importante sodalício do estado, que completou 120 anos. A convite do confrade Ronildo hoje faço parte da ABLAC, Academia Barreirense de Letras, Artes e Ciências.

Estamos vivendo e vivenciando uma efervescência nas artes e na literatura em nosso glorioso Maranhão, nos reposicionando no cenário cultural do país. As pessoas estão se reunindo em saraus para ouvir poesias, trovas, falar de literatura, ouvir música.

Em um país continental como o Brasil, é triste vermos que temos menos bibliotecas do que a cidade de Buenos Aires. Mais triste é acompanhar o fechamento de livrarias e abertura de academias de ginástica em cada esquina. “Se faz um país com homens e livros”, preconizou Monteiro Lobato, e não com bíceps e tríceps.

A literatura me fez sonhar e voar, atingir lugares tão distantes, algo inimaginável até pouco tempo atrás.
Esta semana, minha crônica está publicada em Luanda, no Jornal de Angola, impresso, um dos maiores jornais em circulação naquele país africano.

Na ida a Portugal dei entrevistas para TV e jornais, quando do lançamento do livro “Das muletas fiz asas”. Fui matéria no Jornal de Notícias, do Porto; e do A Aurora do Lima. A partir de agora passo a colaborar com o jornal A Aurora do Lima, centenário jornal de Viana do Castelo, a pequena e bucólica cidade do norte de Portugal, que deu origem à cidade de Viana, Maranhão, terra de saudosa minha mãe, Maria da Conceição e dos meus avós maternos.

São letras e palavras me levando pelo mundo, chegando a leitores de língua portuguesa de além mar. Levando meu olhar de mundo, falando de minha aldeia, São Luís do Maranhão, a Ilha do Amor. Comentando o meu entorno, falando de pessoas que cruzam comigo em andanças pelo mundo.

Se existe uma coisa poderosa, transformadora, capaz de mudar o rumo da história é a palavra, é isso é bíblico. Como desprezar a palavra? A literatura é a ciência da palavra. Ler é libertador; ser livre é ter acesso ao livro. Ser livre é viajar, mesmo refastelado na poltrona de casa com um livro nas mãos. Na literatura temos liberdade, podemos romper o casulo da inércia e da ignorância que nos cerca. Sem artes e sem livro não vivo. Do livro não me livro, e nem quero me livrar; se do livro eu me livro, como livre vou ficar?

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. 

Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências, ATHEAR, Academia Atheniense de Letras e Artes