André Naves (*)
A era digital tem testemunhado uma acelerada evolução tecnológica, com a proliferação de algoritmos em várias esferas da vida humana. E embora a tecnologia prometa ser uma força democratizante, permitindo maior inclusão social, é crucial reconhecer que os algoritmos ainda são produzidos em ambientes pouco diversos.
Essa falta de diversidade resulta na reprodução de vieses inconscientes e preconceitos da sociedade, constituindo-se como as principais barreiras estruturais à inclusão social. Tanto é assim que a Lei Brasileira de Inclusão, em seu Artigo 2, nos lembra que a deficiência não é uma característica relativa à pessoa em si, mas sim uma consequência da estrutura social excludente.
Todos nós somos únicos, com identidades e personalidades singulares, e nossa interação com o ambiente social determina nossa inclusão ou exclusão. Em outras palavras, a individualidade pode facilitar a inclusão ou aprofundar as barreiras sociais, dependendo de como a sociedade se estrutura. A avaliação da deficiência, portanto, deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar, que leve em conta as peculiaridades individuais em relação ao ambiente social em que a pessoa está inserida. Muitas deficiências, inclusive, não são visíveis ou perceptíveis. Esse fato, por exemplo, levou à edição da “lei do cordão de girassol”, enfatizando que deficiente é a sociedade que não permite a inclusão de todos, com toda a sua pluralidade e diversidade.
A diversidade deve ser celebrada em todas as suas formas. Em um ambiente inclusivo, as características únicas de cada indivíduo são estimuladas e valorizadas, permitindo o pleno desenvolvimento de sua autonomia. É fundamental promovermos a inclusão nas áreas da Educação, do Trabalho e do Empreendedorismo, para que cada pessoa tenha a oportunidade de contribuir com seus talentos e habilidades tendo em vista o bem-estar coletivo. Além disso, a criatividade floresce em ambientes inclusivos, gerando inovação social e individual.
Ao abraçarmos a diversidade, rompemos com os vieses arraigados nos algoritmos e nas estruturas sociais, permitindo que novas perspectivas e ideias sejam ouvidas e consideradas. Essa diversidade de pensamento e experiências é essencial para enfrentarmos os desafios contemporâneos e criarmos soluções inovadoras para problemas complexos.
Podemos resumir dizendo que os algoritmos ainda carecem de diversidade em sua produção, refletindo os preconceitos e vieses inconscientes presentes em nossa sociedade. Mais do que isso, para alcançarmos a verdadeira inclusão social, é fundamental reconhecermos a individualidade de cada pessoa e garantirmos que as barreiras estruturais sejam rompidas.
Portanto, é nosso dever criar ambientes inclusivos que valorizem e estimulem a diversidade, a criatividade e a inovação. Somente assim poderemos alcançar uma sociedade mais justa, igualitária e verdadeiramente inclusiva, onde todos possam contribuir plenamente e desfrutar dos frutos do progresso tecnológico e social.
*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.