OPINIÃO

Das expedições desconhecidas pelo estado de Roraima: a viagem de Farabee

José Victor Dornelles Mattioni

Que registros você realiza ao viajar? Imagine esses arquivos sendo utilizados para conhecer as histórias de diferentes povos, culturas e curiosidades. Isso também acontece quando estudamos a História de Roraima.

Porém, em decorrência do pouco incentivo a estudos sobre a nossa história, em casa, e na educação básica, os ricos assuntos tornam-se desconhecidos pela população. Um exemplo são os registros de viajantes que passam pelo nosso estado.

As viagens realizadas por brasileiros e por estrangeiros, no contexto de Roraima, são importantes para expor como o estado chama a atenção pelos aspectos etnográficos, geológicos, migratórios, culturais, fronteiriços, turísticos, dentre outros. Das expedições desconhecidas, nós destacamos a passagem de William Curtis Farabee, pesquisador do Museu Penn de Arqueologia e Antropologia da Filadélfia.

Dr. Farabee esteve em Roraima e na então Guiana britânica, entre 1913 e 1916, há 11 anos, após o fim da Questão do Pirara, embora os marcos fronteiriços ainda não houvessem sido instalados.

Em sua passagem por Lethem – a cidade das compras – ficou hospedado na fazenda Dadanawa, do britânico Sr. Henry Melville. Por conhecer e fazer uso da mão de obra indígena wapichana, Melville e John Ogilvie auxiliaram na intermediação com os povos originários macuxi, wapichana, atroari, wai-wai e taruma.

Isso gerou um importante acervo fotográfico sobre logística de transporte, acerca do deslocamento pela savana, Serra da Lua, Boa Vista, áreas de floresta, ao sul do Rupununi, território dos povos wai-wai, bem como rio Uraricoera, um dos afluentes do nosso querido rio Branco.

Logo, Farabee teve contato com povos de tronco linguístico Karib e Aruawak, o que o permitiu criar coleções de materiais do rio Uraricoera e da região do rio Rupununi.

Mesmo esquecidos, assim como os de Hamilton Rice e de Brás de Aguiar, do bairro Mecejana, a viagem e registros de Farabee são um convite para nos aventurarmos a conhecer mais sobre Roraima e observar os detalhes das regiões para além das compras nos arredores, fotos em placas de I love Guyana e uso da mão-inglesa.

Desejamos que essas expedições possam ser conhecidas para além das aulas em cursinhos e na Academia. Que os viajantes continuem a produzir fotos, vídeos durante os seus passeios, pois são preciosos aos olhos da História. Boa Viagem!!!

A título de curiosidade: como se chamava o alemão que faleceu em Caracaraí e a sua lápide estava no Museu Integrado de Roraima?

Sugestões de leituras e de agradecimentos:

Amazônia Caribenha Colonial, obra do Prof. Dr. Reginaldo Gomes de Oliveira.