OPINIÃO

Diversidade e inclusão para uma sociedade mais justa

*João Spenthof

A conscientização e a celebração da diversidade – seja ela cultural, étnica, racial, de gênero ou afetiva – são pautas que seguem em alta em todo o mundo para provocar transformações efetivas em benefício da convivência e desenvolvimento social. O Pacto Global, iniciativa da ONU, é um exemplo disso. As empresas – que aderem ao movimento de forma voluntária – se comprometem a implementar os princípios universais de sustentabilidade para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo a igualdade de gênero e a redução das desigualdades dois dos pilares deste movimento. Desde 2020 o Sicredi é signatário do Pacto Global, contudo, nossas ações vêm de muito tempo.

Não há como falarmos de diversidade sem falarmos de inclusão. Afinal, a diversidade está relacionada à pluralidade, um conceito que aborda as características que nos diferenciam como indivíduos, sejam elas físicas, culturais ou comportamentais; e a inclusão é justamente reconhecer essas diferenças, entendê-las e respeitá-las, a fim de promover um ambiente igualitário e respeitoso a todas as pessoas.

E quando o assunto é inclusão, a filosofia cooperativista sai na frente. Isso porque o cooperativismo vai além de um modelo de negócios. É uma filosofia que tem o objetivo de transformar o mundo em um lugar mais justo, equilibrado e com melhores oportunidades. Por meio do interesse pela comunidade e do senso de justiça social podemos dizer que o cooperativismo, a inclusão e a diversidade andam lado a lado.

Com esse compromisso implantamos em dezembro de 2022 o Comitê de Inclusão, Diversidade e Equidade, que direciona a pauta no Sistema e colabora para o desenvolvimento de diretrizes orientativas destinadas a garantir a igualdade nas relações de trabalho, o respeito pelos direitos humanos, e incorporar o tema no negócio de forma transversal.

O Comitê é desenvolvido em quatro eixos: 1) Negócio – para promoção de soluções financeiras com foco na diversidade. Como exemplo temos a linha de crédito acessibilidade, que financia a compra de equipamentos por pessoas com deficiência, e a disponibilização de cartões em braile; 2) Soluções não-financeiras – como os programas A União Faz A Vida e Cooperativas Escolares, para transmitir valores da cooperação a crianças e adolescentes, além de promover a educação financeira por meio do programa Cooperaração na Ponta do Lápis; 3) Pessoas – visando atrair e reter colaboradores mais diversos; e 4) Institucional – eixo em que são desenvolvidas as ações relacionadas às políticas inclusivas adotadas em diferentes áreas da instituição, como comunicação, compliance e infraestrutura (física e digital).

Outro exemplo no eixo Institucional é a funcionalidade de videochamada em Libras para o WhatsApp, que atende pessoas com deficiência auditiva no ambiente digital. Essa iniciativa não passou despercebida, e com ela conquistamos o troféu Ouro na 7ª edição do Prêmio Best Performance, na categoria “Inovação para atendimento ao cliente/consumidor – canais e plataformas de atendimento digital”.

Além disso, entendemos nosso papel de agente de transformação social e abraçamos a luta pela igualdade de gênero, o que se reflete na ocupação dos cargos na instituição. É com orgulho que podemos dizer que 43% das posições de liderança no Sicredi são preenchidos por mulheres. Embora o número esteja maior que a média nacional, de 38% segundo pesquisa da Grant Thornton divulgada em setembro do ano passado, ainda temos um longo caminho a percorrer para a efetiva igualdade de gênero nas organizações.

Por isso, desde 2020, contamos com o Comitê Mulher, criado para elevar a representatividade feminina nos cargos de liderança. Atualmente mais de 4 mil associadas participam do Comitê, que aborda temas divididos em quatro eixos: mulheres na liderança, mulheres no cooperativismo, mulheres na comunicação e mulheres no empreendedorismo.

Todas as ações que praticamos são intrínsecas ao nosso propósito: de construir, juntos, uma sociedade mais próspera. Acreditamos que o desenvolvimento econômico e social das comunidades caminham juntos, por isso entendemos que a diversidade e inclusão são pautas que dialogam com nossos valores e estão presentes em toda cultura organizacional do Sistema, desde o planejamento estratégico até os códigos de condutas e diretrizes orientativas.  E, como diz Theo van der Loo, ex-CEO da Bayer que se tornou uma das vozes mais importantes da pauta diversidade e inclusão, “um CEO não deveria usar a lucratividade como o motivo para a inclusão, precisa fazê-la porque é justo”. E é justamente justiça e igualdade que procuramos praticar todos os dias por meio das nossas cooperativas, seja no atendimento aos associados ou no relacionamento com a comunidade. Porque acreditamos nas pessoas e na contribuição delas para um mundo melhor.

*João Spenthof é presidente da Central Sicredi Centro Norte e vice-presidente da OCB/MT (Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Mato Grosso).