OPINIÃO

O último olhar –

 Walber Aguiar* e Ronam Pacheco de Carvalho**

Mata a saudade no peito, driblando a emoção. Moacir Franco

Era o dia 8 de janeiro. Mal raiara o ano de 2016, o grande craque dos olhos, vira-se privado de repente do brilho, da grandeza, da essência vital que o mantivera de pé, combatendo o bom combate do existir.

Um janeiro menor, mais reduzido. Afinal, partira o grande guerreiro tricolor, o homem que aprendera a ver a vida sob a ótica da coragem, da paz e da esperança. Sim, Romualdo, o grande médico oftalmologista, era pequeno, franzino, simples, mas carregava consigo a chama dos grandes, a honestidade dos éticos, a generosidade do serviço ao próximo.

Ainda recordo daquele gol de barriga em pleno Maracanã, quando Romualdo parecia estar dentro de campo, tamanha a emoção, o enlevo, o entusiasmo juvenil que o invadia naquele FlaxFlu de tanto brilho e glória. Naquela guerra de Renato Gaúcho e toda a massa das três cores que traduzem tradição.

Ronam, amigo de Romualdo; outro médico, outro guerreiro tricolor, outro ser humano cheio de vida e intrepidez na hora de manter o julgamento de Hipócrates e de torcer pelo time que carrega o sagrado manto tricolor; o manto que transmite a paz, a esperança e o vigor demonstrados nas grades decisões, quando a torcida clama pela bênção de João de Deus, o papa tricolor.

Romualdo deixa um vazio, um vácuo no hospital, nas ruas e na vida de todos nós, que entendíamos a fragilidade, a sensibilidade e o seu amor pela família e pela camisa do fluminense, o time de coração, das grandes conquistas, das fases tristes, do tempo de glória da máquina tricolor, de Rivelino, Edinho, Gilmar e tantos outros.

Parte um guerreiro. Mas não vai assim sem homenagem, sem discurso, sem a devida consideração a todos aqueles que souberam viver com galhardia, amor e dignidade.

Descanse em paz amigo. Ainda vou lembrar daquele dia em que fui mais que um paciente. Afinal, você me olhou como gente, como poeta, como amigo.

Um dia adentraremos o inevitável Estádio de Glória, o grande Maracanã do infinito. Aí, com a camisa tricolor, celebraremos a vitória e a grandeza da eternidade…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]* Médico e tricolor

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