Estou no Rio de Janeiro, vim para as bodas de Frederico e Isadora, que escolheram casar na Cidade Maravilhosa, no alto do Corcovado, tendo o Cristo Redentor como testemunha. Tenho uma ligação próxima com o Rio. Foi aqui que casei, em janeiro de 1984, e também aqui nasceu meu primogênito, Rodrigo, aniversariante em 10 de agosto.
Ainda garoto, sem nunca ter visitado o Rio, já o conhecia através das páginas do “Jornal do Brasil”. Assíduo leitor do maior e melhor jornal que o Brasil já teve, ler as crônicas de Carlos Drummond de Andrade no “JB”, era respirar o frescor do Rio, lá em em minha “caliente” São Luís.
O Rio é a síntese do Brasil: aqui estão representadas todas as tribos, de todos os matizes políticos, manifestações culturais e outras “cositas más”. Antiga capital federal, com a ida do poder para Brasília houve um esvaziamento e uma certa decadência. Após sucessivas administrações desastrosas, o poder paralelo se instalou no estado, fazendo parte de todas as esferas.
Mesmo assim, o Rio continua lindo, com alegria, a irreverência e o gingado do carioca, suas marcas registradas.
Ao desembarcar no aeroporto, você já sente a energia da cidade. Até o bom dia do carioca é diferente.
Rio de Janeiro, nome próprio “Cidade Maravilhosa”: assim o Rio foi chamado pela primeira vez pelo escritor, político e professor maranhense Henrique Maximiniano Coelho Neto, em 1908, nas páginas do jornal “A Notícia” e que, vinte anos depois, lançou o livro “Cidade Maravilhosa”.
A obra reunia um conjunto de crônicas sobre a cidade, descrita como “Cidade Maravilhosa! Cidade-sonho, cidade do amor”.
A boemia é quase um sinônimo do Rio. A filosofia de vida alegre e despreocupada dos “malandros” é um dos atrativos para visitar a cidade, já que aqui tem samba, festas e música até na segunda-feira. A bossa nova nasceu nesta cidade, sendo uma de suas trilhas sonoras. A Lapa, famoso bairro da cidade, é considerada o grande berço da boemia carioca por sua agitada vida noturna e estilo alternativo.
Capital cultural do país, o Rio continua na vanguarda, lançando moda, copiada em todo o país.
Aqui encontro amigos diletos, que a vida me presenteou. No aeroporto Santos Dumont quem me recebe é o baiano André Serafim. André é funcionário da Infraero, que administra o aeroporto. Foi através de André, que trabalhava no aeroporto Cunha Machado, em São Luís, que consegui colocar minha placa na entrada do aeroporto, minha porta de saída para o mundo. Tenho a honra de ser o único brasileiro que tem uma placa em um aeroporto brasileiro contando sua história em uma homenagem assim.
Encontro em um Café os amigos Maria Teresa Teles, amiga longeva, dos bancos escolares do Colégio Batista; e Pedro Henrique Fonseca, amigo recente. Ambos médicos, moradores há anos da Cidade Maravilhosa, que tão bem os acolheu.
Encontrei pela primeira vez Pedro, nesta viagem, embora nos conhecemos há tempos pelos jornais. Ele, assim como eu, somos missivistas. Já tínhamos nos encontrado nas seção de cartas do jornal carioca “O GLOBO”, e nas páginas do “Jornal Pequeno”, onde publicamos artigos e crônicas. Pedro, com sua memória fabulosa, é um exímio conhecedor da história do Brasil.
Conhecê-lo pessoalmente foi um bálsamo. Juntamente com Teresa, a conversa fluiu por horas, sobre os mais variados temas. Passamos em revistas pessoas, histórias/estórias e alguns causos. Somos maranhenses, temos o dom de prosear.
Andar pelo centro do Rio antigo, passeio obrigatório para quem gosta de história, é um resgate de memórias.
Mesmo com a decadência que assola todo o país, o caos de um trânsito pesado, a violência de cada dia, o Rio continua com seu charme e beleza, tendo o Cristo Redentor de braços abertos a abençoar essa “Cidade Maravilhosa”.
Nada como estar na orla, tomando um chopp com colarinho, ao entardecer, vendo o sol se pôr, e observar o doce balanço das cariocas a caminho do mar. O Rio com seu charme, continua lindo.
Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
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