OPINIÃO

Se os venezuelanos estão em Boa Vista, Roraima, sua comida também está

Nas tranquilas e passivas ruas de Roraima encontram-se turistas estrangeiros espalhados por diversos pontos da cidade com suas roupas exóticas e tradições completamente diferentes do lugar. Mas nem tudo é tão desconhecido para os habitantes de Roraima, alguns locais aderiram à multiculturalidade e compartilham as tradições e sabores do povo venezuelano, e ainda têm aqueles vendedores ambulantes com os seus carrinhos adaptados em uma bicicleta, que mesmo sem saberem estão espalhando a gastronomia da Venezuela, pelas ruas de Boa Vista, essa cidade linda de um povo acolhedor.

Se você é morador dessa cidade, já deve ter se deparado com um deles em alguma rua, ou até ido em algum lugar, como lanchonete e restaurante, que vendem pratos típicos venezuelanos. Não me diga que nunca sentiu o cheiro de uma “arepa” ou de um “pepito” e não deu água na boca e ficou desejoso de experimentar?

Eu já me deparei várias vezes com um vendedor gritando: “La chicha, La chicha”. Até me fez sentir de volta ao meu país, pela voz e pela comida. Não precisou me convencer para comprar a sua gelada e m.a.r.a.v.i.l.h.o.s.a “Chicha”. É estranho para os roraimenses, que não estão acostumados com essa iguaria doce de macarrão. Experimente! Veja que o macarrão pode ser consumido como mingau doce, assim como o arroz doce.

Como admiro os meus compatriotas (palavra que aprendi nas aulas de português), porque não pararam de inventar estratégias para sobreviverem, até manga verde com sal, pimenta do reino e vinagre já passaram a vender nas ruas quentes de Boa Vista, em que estar ao sol é como estar em uma sauna. De onde eles tiram esse ânimo todo e essa força? Posso dizer que é do desejo de dar o melhor às suas famílias, porque como migrantes, que vieram forçados, como eu e a minha família, não podemos cruzar os braços e esperar cair do céu, como diz o brasileiro, o pão de cada dia.

E você sabia, meu caro leitor, que se não fosse pela professora de português, não imaginava que isso poderia se transformar em um texto, chamado crônica, mais uma coisa nova para aprender, e confesso, foi o texto mais fácil que vi de escrever em português, quer dizer eu pensei que fosse, até ter que escrever, revisar, ler de novo e reescrever. A crônica é assim um vai e volta na escrita, um vai e volta nos pensamentos, um vai e volta na Venezuela, ainda que em uma folha de papel.

E para finalizar, eu te pergunto, meu caro leitor que me lê: Você já experimentou a gastronomia Venezuelana? E se já experimentou, vive como a minha professora de português, com vontade diária de comer arepa? Não tem como negar, se os venezuelanos estão em Boa Vista, Roraima, sua comida também está.

Mariangel Víctoria M. Jimenez, aluna da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Militarizado Professor Camilo Dias.

(Educação Linguística guiada pela Sequência didática do Caderno do Docente “A ocasião faz o escritor”, do gênero crônica da OLP, com a temática “O lugar onde vivo”.)