OPINIÃO

Síndrome de Estocolmo

“O homem benigno faz bem à sua própria alma, mas o cruel perturba a sua própria carne.” (Provérbios 11:17 a)

O termo Síndrome de Estocolmo foi criado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot e foi usado por muitos psicólogos em vários lugares do mundo. Essa síndrome acontece quando pessoas que são sequestradas desenvolvem um vínculo de simpatia e carinho pelos seus sequestradores, mesmo estando sofrendo relacionamentos abusivos. Essa “doença” ainda nem está cadastrada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e nem no Código Internacional de Doenças (CID 10).

Em 1974 Patty Hearst desenvolveu essa síndrome após ter sido sequestrada durante um assalto, a banco, realizado pelo grupo de extrema-esquerda (Exército Simbionês de Libertação). Quando ela foi libertada do cativeiro, Patty se juntou aos seus sequestradores e foi viver com eles se tornando cúmplice em assalto a bancos. Há que entenda que esse vínculo se desenvolve como um mecanismo de defesa da vítima. 

Os laços emocionais podem se formar entre sequestradores e sequestrados mas não há quem entenda que acreditar nisso é irracional, pois não há nenhum trabalho científico que tenha estudado essa síndrome e por tal motivo não há provas a esse respeito.

Os sobreviventes em campos de concentração, pessoas presas em prisão domiciliar por familiares e também vítimas de abuso familiar também podem criar laços com seus algozes, pois essa síndrome apresenta um quadro mental, cujas pessoas sequestradas desencadeiam sentimentos positivos do refém e tanto isso parece ser verdade que os reféns não cooperam com a polícia, deixando de ver o sequestrador como ameaça. Talvez haja um viés de medo nesse contexto. Essas ações malignas, na Síndrome de Estocolmo, também foram encontradas em vítimas, por exemplo, abusadas sexualmente, e entre outras, por opressão política.

As vítimas se identificam emocionalmente com os sequestradores, pois pequenos atos de zelo e carinho do sequestrador são bem recebidos, visto que essas pessoas vítimas desses sequestros, perdem a noção do perigo que correm quando estão nas mãos do sequestrador e, por isso não conseguem ter entender a barbárie e o perigo pelo qual estão passando.

Há quem diga que os sequestrados externam um comportamento de afetividade pelo sequestrador, mas ao    mesmo tempo também sentem grande ódio por tudo que estão passando no episódio de seu sequestro.

Há também quem defenda que tal fato, é uma estratégia psicológica dessas vítimas, e que isso não passa de ilusão,pois ela precisa enganar a si mesma, de que esteja ocorrendo tamanho absurdo consigo. No entanto, a vítima sabe tudo que está acontecendo com ela, pois ela não fica alienada, visto que -um setor da mente dessa pessoa, sabe que há  perigo em volta dela.

É importante notar, que não existe consenso entre os especialistas, se esta condição realmente existe e a literatura sobre esse assunto é muito limitada.

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Marlene de Andrade

Médica formada pela UFF

Título em Medicina do Trabalho/ANAMT

Perita em Tráfego/ABRAMET

Perita em Perícias Médicas/Fundação UNIMED

Especialização em Educação de Saúde Pública/UNAERP

Técnica de Segurança do Trabalho/SENAI-IEL

CRM-RR 339 RQE 341