OPINIÃO

Terra, aproveite enquanto está em cima dela

Sou frasista, a frase é o resumo de um pensamento, e o título desta crônica é uma minhas frases preferidas, pois resume nossa posição em relação à Terra.

A vida é mistério, algumas perguntas nunca saberemos as respostas. Nem mesmos os sábios, ou os muito estudiosos, jamais responderão: De onde viemos? Por quê viemos? Para onde vamos? Quando vamos? São indagações que o homem se faz desde que aqui chegou.

Em minhas andanças pelo mundo, sempre que posso, e o tempo permite, visito museus, feiras, mercados públicos, supermercados e cemitérios. Uma pequena observação, para deixar bem claro: longe de mim ser taciturno ou sorumbático, sou apenas curioso, gosto de ver Campos Santos, onde estão enterrados os que partiram antes de nós.

Visitei cemitério encravado em rochas, em Istambul, Turquia; em areia, em Rapa Nui, Ilha de Páscoa; cemitério “Cidade dos Mortos” no Cairo, Egito, onde pessoas moram a vida toda. Cemitérios na Tailândia, com lápides pintadas de vermelho. Acompanhei rituais de cremação na Índia e Sri Lanka; além de visitar o Cemitério da Ricoleta, em Buenos Aires, roteiro turístico portenho, com esquifes expostos, em pequenas capelas. Em Paris caminhei pelo cemitério Père Lachaise, considerado o mais famoso do mundo, por causa das celebridades ali enterradas. Verdadeiro museu de artes a céu aberto.

Nos rincões do Maranhão, conheci cemitérios indígenas. Uma curiosidade: observo ao longo de nossas estradas,  inúmeros cemitérios que não têm muro ou cerca; certamente porque quem está dentro não quer sair, quem está fora não quer entrar. E, por não terem obras de artes para roubos.

Em minhas cinco idas a Israel, visitei a Basílica do Santo Sepulcro, segundo as Sagradas Escrituras, Jesus Cristo, o filho de Deus, foi enterrado e teria ressuscitado no terceiro dia.

Em Malmö, Suécia, o hotel em que me hospedei ficava defronte de um cemitério, e para cortar caminho, passava por dentro dele para ir ao centro da cidade. Em mais de uma vez, vi jovens suecas, com suas brancuras, lindas, de topless, refasteladas na grama, com livro nas mãos ou com seus smartphones, sem se importarem com seus vizinhos de baixo, que já haviam partido para uma melhor. Curioso, quis registrar aqueles momentos com uma fotografia, mas a prudência me impediu. Não deixa de ser um contraste. Enquanto aquelas jovens carnes estavam em cima, os que a libitina veio buscar estavam plantados embaixo.

Recentemente fui me despedi de um amigo que partiu, e após o sepultamento, caminhei um pouco pelas alamedas arborizadas, observando as placas nos túmulos, com as datas de nascimento e de falecimento. Alguns muito jovens, com seus sonhos interrompidos. Sim, os cemitérios são lugares de sonhos desfeitos ou abortados, de futuros não concretizados. Quantas histórias inacabadas ali estão.

A vida é mistério. Portanto, caro leitor, amiga leitora trate de viver o tempo que lhe resta, pois a vida é finita. E, ter medo da morte, não lhe impede de morrer, impede de viver.

Aproveite enquanto está em cima dela, uma hora você passará para baixo e tudo acaba. A não ser que você acredite em outras vidas, mas isso é assunto para outra crônica.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro Agrônomo, estudante de Jornalismo, escritor, autor do livro “Das muletas fiz asas” e viajante, visitou 151 países em todos os continentes.