Cotidiano

Redes são usadas como leito para atender indígenas em hospitais

No Hospital de Campanha, 80 redes foram destinadas aos índios em tratamento para a covid. O atendimento também é disponibilizado na maternidade

Com o funcionamento da Área de Proteção e Cuidados (APC), conhecida como Hospital de Campanha, os indígenas com Covid-19 ganharam mais um espaço para serem atendidos de forma humanizada.

A medida foi adotada pelo Governo de Roraima em parceria com a Operação Acolhida. Nas enfermarias, as redes funcionam como leitos para os pacientes indígenas, uma forma de oferecer comodidade respeitando as tradições.

Ao todo, o Hospital de Campanha disponibiliza 80 suportes com redes, além de atendimento médico especializado prestado com a ajuda de tradutores.

A medida foi elogiada por representantes de entidades indígenas. “Essa estrutura inaugurada e equipada tendo profissionais comprometidos e trabalhando, Roraima está de parabéns. Por mais que tenha demorado, conseguiu efetivar. Então parabéns e vamos evitar mais mortes”, disse Enock Taurepang, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR).

O secretário estadual de Saúde, Marcelo Lopes, ressaltou que Roraima tem a terceira maior população indígena do país, e que essa valorização e proteção da cultura dos povos indígenas vai além dos leitos e enfermarias com redários.

“O Governo de Roraima tem priorizado a humanização do atendimento de saúde. Com apoio e integração com a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde] e com os distritos sanitários especiais, também oferecemos alimentação diferenciada, intérpretes de línguas maternas e acompanhamento social, atendendo às deliberações do controle social indígena e fortalecendo a cultura dos povos indígenas de Roraima”.

Maternidade – O mesmo serviço especializado também é ofertado no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth. As mães com bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) ficam abrigadas na Casa da Gestante, uma espécie de casa de apoio. Por mês, o local atende cerca de 90 indígenas de várias etnias.

Para Aharon Macuxi, coordenador indígena da Maternidade, as redes além de valorizarem a cultura indígena, facilitam o atendimento. “Tem pacientes indígenas que não se sentem bem em uma cama e a gente disponibilizando uma rede facilita o atendimento da enfermagem junto à paciente indígena”, contou.

Segundo a diretora interina da Maternidade, Fernanda Fernandes, uma coordenação indígena dentro da maternidade faz o elo entre as demandas das pacientes e a direção.

“A gente tenta viabilizar as melhores formas de humanização do cuidado a elas, desde a alimentação, que é uma alimentação diferenciada. Nossa cozinha já preparou até chibé para fazer elas se sentirem melhor. Também temos o apoio psicológico e sempre que a gente pode, a gente dá uma alta precoce a essas gestantes e puérperas”, acrescentou.