Polícia

“Puxei o volante porque ia morrer”, diz vítima de sequestro relâmpago

O vendedor foi atacado por bandidos que o encontraram por um aplicativo de vendas e que levariam seu carro depois de matá-lo

É preciso ter muita cautela na hora de vender itens de valor para desconhecidos para não correr o risco de ser alvo de criminosos. Na tarde do sábado, dia 23, um vendedor e proprietário de um automóvel modelo Toyota/Corolla foi assaltado e o caso quase resultou em sua morte.

No fim, um dos criminosos morreu e outro ficou ferido no capotamento provocado pela própria vítima que conversou com a reportagem da Folha e contou detalhes do crime. A ocorrência só teve fim com o acidente no km 528 da BR-174, região do Murupu, zona Rural de Boa Vista.

O homem destacou que trabalha há algum tempo com compra e venda de carros e peças de veículos. “Um rapaz me ligou querendo ver o carro, o Corolla, que iria levar um mecânico para fazer uma vistoria no veículo. Marcamos de nos encontrarmos em frente ao hotel Aipana, no Centro Cívico. Eles chegaram e pediram para eu abrir o capô, porta-malas e eu mostrei tudo.

Populares acionaram a polícia e levaram vítima ao hospital

O suspeito do assalto foi levado ao hospital, mas morreu por conta do acidente 

Assim que avistaram a cena do acidente, muitos populares que passavam pela rodovia decidiram parar para prestar socorro ao vendedor que reclamava de muitas dores, por isso foi levado ao Hospital Geral de Roraima (HGR), porque precisava receber atendimento médico. Enquanto isso, o suspeito de 20 anos, que dirigia o carro, agonizava dentro do automóvel. Quando o socorro chegou, ele estava respirando com muita dificuldade e foi levado para o Pronto Socorro Francisco Elesbão, mas não resistiu aos ferimentos e morreu n o hospital.

Ao fim dos trabalhos, o corpo foi removido para a sede do IML e submetido a exame de necropsia antes de ser liberado à família. O segundo envolvido no assalto não foi localizado até o fim da tarde de ontem, dia 24. No local dos fatos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) cercou a área e realizou os procedimentos de sua competência até a chegada da Perícia e do rabecão do Instituto de Medicina Legal.

O Relatório de Ocorrência e demais comunicações foram entregues pelos agentes da PRF na Central de Flagrantes do 5º DP para que a Polícia Civil tome conhecimento e inicie o processo de investigação.

O corpo de Carlos Eduardo foi liberado nesse domingo, 24, para os familiares fazerem seu funeral e sepultamento. (J.B)

Aí eles pediram para dar uma volta pela praça do garimpeiro, depois seguimos em direção à Praça das Águas e aí anunciaram o assalto. Aparentemente era só assalto e pediram para eu ter calma. Quem falou comigo foi o indivíduo que estava no banco de trás. Foi ele quem puxou a arma que eu não sei se era uma pistola ou um revólver”, explicou.

O vendedor continuou narrando os fatos e lembrou que a arma foi colocada em sua cabeça e o criminoso exigia que ele não reagisse ou se mexesse. “Ele engatilhou a arma e disse que se eu me mexesse atiraria em mim. Ele ainda deixou claro que a arma estava carregada, e estava mesmo. A Polícia encontrou a arma carregada. Eles me levaram pela Praça das Águas e seguimos sentido Pacaraima, inclusive passamos por uma barreira da Polícia Federal no Cauamé. Eles reforçavam que era para eu não me mexer senão iriam atirar e fugir. Eles estavam conversando e na hora que pegaram uma fita para me amarrar, disseram que não tinha jeito porque eu teria que morrer, aí eu não aguentei”, acrescentou.

O vendedor afirma que sentiu que a morte estava próxima, então olhou para o volante sem que a dupla percebesse. “Puxei o volante com o carro a 160km/h. Puxei o volante e só me segurei. O carro capotou não sei quantas vezes. Consegui sair do carro, o criminoso que ficou atrás estava sangrando, o da frente que dirigia o carro estava desmaiado e eu consegui sair pelo lado dele porque o carro parou de lado. Eu saí e fui quase me arrastando em direção à BR, pedindo ajuda, sentindo uma dor muito forte no meu peito, e quando eu olho para trás, o que estava no banco do motorista estava saindo. Quando ele saiu, eu corri uns 30 metros e ele ficou procurando, possivelmente, a arma ou o celular. Se o celular dele ficou no carro, dá para a polícia descobrir muita coisa. Mas ele conseguiu fugir e tomou rumo ignorado por dentro de uma fazenda. Quando ele foi embora, chegou muita gente eu fui para perto do carro, me deitei porque não aguentei ficar em pé e graças a Deus não aconteceu nada grave comigo”, relatou.

Pelas características do assalto, a vítima suspeita que tenha sido premeditado. “Me ligaram já falando que iriam levar mecânico e, enquanto eu mostrava o carro, um deles ligou para uma mulher que parecia ser esposa dele, colocou no viva-voz e falou que iria levar o carro para ele ver, dizendo que tinha gostado do carro. Eu nunca tinha visto eles antes. Todos os dias eu vejo pessoas diferentes, porque lido com as vendas de carros, mas eles eu realmente não conhecia. Graças a Deus estou vivo e vai ficar tudo bem”, finalizou.

O vendedor passou por avaliação médica e como não havia fratura ou qualquer lesão grave, recebeu alta para repousar em sua residência.