O comerciante Josivaldo Graciano de Aguiar, morto aos 55 anos, era tido por familiares e conhecidos como um homem do bem, que sempre ajudava a todos e não se importava em vender fiado um copo de cana de açúcar da sua banca, que ficava em frente aos apartamentos que alugava e também morava, no bairro Caranã, zona Oeste de Boa Vista.
Josivaldo, ou “Valdo”, como era conhecido no bairro, também possuía uma loja de materiais de construção, trabalhou como motorista de ônibus em Boa Vista por muitos anos e era pai de três filhos.
Mas, no dia 7 de dezembro de 2019 a sua vida foi interrompida brutalmente por volta das 20h, quando foi golpeado na cabeça com uma enxada e teve seu carro roubado. Josivaldo ainda foi encontrado com vida por um dos seus filhos, mas não resistiu. Exatamente 58 dias após o crime, ninguém foi preso.
A reportagem da Folha conversou com a sobrinha do comerciante, a administradora Stéphanie Aguiar, que juntamente com a polícia chegou a ver o corpo do tio e o estado em que seu apartamento ficou após o crime, indicando que houve luta corporal entre vítima e assassino.
Conforme Stéphanie, não foram levadas pedras preciosas como divulgado pela imprensa, na época, mas somente o celular e o veículo que foi encontrado estacionado na frente de um motel no bairro 13 de setembro, aproximadamente quatro dias após o assassinato.
“Um assassinato dessa forma brutal, cruel, como o que mataram meu tio Josivaldo, foi como se matassem um cachorro. Só faltou esquartejá-lo. Os miolos estavam pra fora, a enxada ficou cheia de cabelo, a casa cheia de sangue. Até pouco tempo a minha tia e minha prima tiveram que lavar a casa, ainda toda com as manchas. Em quase dois meses, a gente não sabe de nada. Cadê o inquérito policial, as pessoas envolvidas que a gente não sabe?”, questionou a sobrinha.
Ainda de acordo com Stéphanie, toda a movimentação naquela noite foi ouvida pelo filho de Josivaldo, Daniel Aguiar. Nós também conversamos com ele, que contou não ter ido até lá porque pensou que seria apenas uma discussão boba. Assim que ouviu o barulho do carro saindo em alta velocidade, achou estranho e foi verificar. Foi neste momento que encontrou o pai já desfalecido.
No dia e no local crime, a polícia encontrou os dois únicos inquilinos, que disseram ser garimpeiros e afirmaram que conseguiram escapar pulando o muro nos fundos do quintal. Para a família, eles são considerados os principais suspeitos. Entretanto, nada foi confirmado pela Polícia Civil.
A Folha procurou o delegado Cristiano Camapum, titular da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), para saber o andamento das investigações que apontou se tratar de um latrocínio (roubo seguido de morte) e que os responsáveis serão encontrados.
“Esse caso já está comprovado que se trata de um latrocínio. Ouvimos testemunhas e, agora estamos ouvindo testemunhas referidas, testemunhas indicadas pelas testemunhas e paralelamente estamos tentando identificar os membros da quadrilha que realizou o assalto”, finalizou.