EM AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

'A justiça não foi feita', diz mãe de vítima de estupro após padrasto ser liberado

O adolescente relatou que os estupros ocorriam desde quando ele tinha 13/14 anos

Violência sexual teria ocorrido quando a vítima estava em casa sem a companhia da mãe (Foto: Ilustrativa/Nilzete Franco/FolhaBV)
Violência sexual teria ocorrido quando a vítima estava em casa sem a companhia da mãe (Foto: Ilustrativa/Nilzete Franco/FolhaBV)

“O que ele fez não vai mudar o que aconteceu, mas quero que ele seja preso para pagar pelo o que fez. A justiça não foi feita quando precisei dela”, disse a mãe de um adolescente, de 17 anos, que foi estuprado pelo padrasto e o homem foi solto na audiência de custódia. Ela concedeu uma entrevista exclusiva à FolhaBV.

O crime veio à tona após mais um estupro, que ocorreu na casa da família, no dia 1 de abril deste ano e a vítima ter tido coragem para contar a um motorista de aplicativo, que acionou a Polícia Militar.

“Após ter acontecido o ato, o padrasto o mandou ir para a escola de Uber. No trajeto, acho que ele estava tão agoniado que contou ao motorista o que tinha acabado de acontecer. Esse homem foi um anjo e procurou a polícia”, disse a mulher.

O homem foi preso em flagrante no local de trabalho e apresentado no 5° Distrito Policial. No dia seguinte, após passar pela audiência de custódia, foi concedia ao denunciado a liberdade provisória sem fiança.  

No relato, a vítima disse que os estupros iniciaram quando ele tinha entre 13/14 anos, quando a mãe não estava em casa. Inclusive, os atos ocorriam sem o uso de preservativos. Além da violência sexual, ele também sofria violência física e psicológica por parte do padrasto.

“Desde o início do relacionamento, eu perguntava do meu filho se acontecia alguma coisa diferente ou tinha algo para me contar e ele negava. Durante todos esses anos sempre procurei ter cuidado, observar algo suspeito, mas ele (padrasto) sempre fez um papel de bom pai”, relembrou.

“Quando eu li o relato do meu filho parecia que ele estava falando de outra pessoa. O padrasto nunca demostrou quem ele era de verdade. Eu quero entender porque ele foi liberado, sendo que tem provas contra ele”, inteirou.

Trecho da decisão diz:

Em que pese a gravidade do crime, o flagranteado é primário, sem antecedentes, e não demonstra periculum libertatis. Ademais, os fatos devem ser melhor apurados no juízo natural.

Desse modo, entendo como suficiente e necessária a imposição de medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, pois se adequam às peculiaridades do flagranteado e do caso concreto.

Ademais, o flagranteado é primário, trabalho lícito e residência fixa, não sendo o caso de manter a custódia em caráter preventivo ao menos por ora

Depois da audiência de custódia, a família tem medo que o homem faça alguma coisa contra a vítima.

“Nós estamos com medo, preocupados e com uma sensação de insegurança muito grande. Ele ser preso será uma liberdade para nós, pois não estamos dormindo e nem se alimentando direito. Ele tem que pagar pelo o que fez”, finalizou a mulher.