Polícia

Açougueiro é acusado de matar e esquartejar rapaz por vingança

Cabeça da vítima foi jogada no rio Mucajaí e os braços e as pernas, espalhados pela mata em uma região de Caracaraí

A polícia elucidou um caso macabro ocorrido há dois anos em Roraima. Um açougueiro esquartejou um jovem de 23 anos, jogou a cabeça no rio Mucajaí e espalhou os braços e as pernas do rapaz pela mata. Apenas o busto foi encontrado no ano passado. A trama começou em 2014, na periferia de Boa Vista.

O açougueiro Genézio Vieira Duarte, 43 anos, estava se separando da mulher e, inconformado, contratou Alexandro dos Santos Souza, de 23 anos, para assaltar a casa dela. Alexandro, que dias depois seria esquartejado, topou o serviço e convidou um comparsa, que ainda não foi identificado pela polícia.

A dupla foi até a casa da mulher e fez o assalto, mas, em certo momento, Alexandro falou algo que fez a mulher desconfiar que Genézio tinha participação no assalto. Ela então fez a denúncia à polícia.

Inconformado mais ainda, Genézio então decidiu matar Alexandro, que já havia sido expulso da Aeronáutica por indisciplina. O jovem também era viciado em drogas e já praticava assaltos na cidade, segundo a polícia.

Genézio mais uma vez planejou um crime, e para matar o jovem, ele convidou o sobrinho Afonso de Souza Duarte, de 23 anos, que está foragido. Os dois convidaram Alexandro para buscar droga em Caracaraí, município a 155 quilômetros da Capital, na região Centro-Sul do Estado. Sem saber o que iria acontecer, o jovem aceitou o convite.

Genézio, o sobrinho e Alexandro então partiram em um carro de passeio, passaram pela sede do município e seguiram para uma vicinal. Era onde Alexandro seria esquartejado. Quando chegou a uma área de mata, Genézio algemou o jovem e, com um terçado, começou a sessão de tortura. Afonso também batia na vítima.

Alexandro ainda implorou pela sua vida, mas Genézio não perdoou e decidiu arrancar-lhe primeiro os braços. Depois, para não escutar mais os gritos, o açougueiro decapitou o jovem. As pernas também foram esquartejadas. A polícia não sabe ao certo quantas terçadadas Alexandro recebeu.

Depois Genézio tratou de ocultar o que havia sobrado do corpo, apenas o busto. Cada membro, braços e pernas, foi jogado em locais distintos da mata. A cabeça foi jogada no rio. O açougueiro e o sobrinho retornaram a Boa Vista. Dias depois, a família de Alexandro procurou a polícia para registrar o desaparecimento. Foi quando o caso começou a ser investigado. (AJ)

Delegadas e peritas só conseguiram esclarecer caso por meio de exames

Ontem pela manhã, delegadas da Polícia Civil e peritas criminais deram coletiva e esclareceram o homicídio, que foi executado com requintes de crueldade. A titular da Delegacia-Geral de Homicídio (DGH), delegada Mirian Di Manso, relatou todo o trabalho de investigação, que começou em setembro do ano passado. Alexandro morreu no dia 02 de dezembro de 2014.

Mirian disse que para elucidar o emblemático caso, contou com a ajuda de outros delegados, agentes policiais e dos peritos do Instituto de Criminalística. Elucidar o crime era muito difícil, segundo ela, porque não havia como comprovar a morte sem o corpo. Em um primeiro momento, ainda de acordo com a delegada, o Ministério Público não aceitou a denúncia, alegando que a história macabra era muito fantasiosa.   

“Mas, a partir do depoimento de várias testemunhas, e principalmente dos exames periciais e de DNA, conseguimos elucidar o caso. A Justiça então aceitou a denúncia e mandou prender Genézio e Afonso. Genézio já está preso, mas Afonso está foragido”, disse a delegada. Quem tiver informações a respeito do paradeiro de Afonso pode ligar para a polícia pelo 190.

Também participaram da coletiva as delegadas Francirene Lima, diretora do Departamento de Homicídios e Pessoas Desaparecidas, e Eliza Mendonça, da DGH, além das peritas Andréia Santana e Érica Veras. As peritas fizeram os exames de DNA do busto encontrado comparando-o com o da mãe de Alexandro, que deu positivo.

A perícia ocorreu no Instituto Renato Chaves, em Belém (PA), porque Roraima não tem laboratório. Andréia disse que foi difícil o trabalho devido ao estado de conservação da ossada. “Mas os exames apontaram que o sistema foi compatível com o DNA da mãe de Alexandro”, disse a perita Andréia. (AJ)