Polícia

Adolescente com problema mental é degolado por membros de facção

Uma família que mora no bairro Alvorada, zona Oeste de Boa Vista, vive o drama que é encarar a morte do adolescente Josué Oliveira da Silva, de 16 anos, cujo corpo foi encontrado na manhã dessa terça-feira, 16, numa área de lavrado, próximo a um balneário conhecido como Urubuzinho, que fica no entorno do Anel Viário, na RR-205. A vítima foi degolada e quase decapitada pelos autores do homicídio que possivelmente tenha acontecido no fim da madrugada.

Dois vídeos foram gravados e Josué aparece neles. O primeiro foi gravado na Praça Germano Augusto Sampaio, no bairro Pintolândia, ocasião em que a vítima disse que estava no local fazendo vigilância dos membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) que estavam por lá. No entanto, é nítido que o adolescente não tinha convicção do que estava dizendo e sequer sabia qual era sua alcunha. Em determinado momento alguém diz que o menor era conhecido pelo vulgo “ladrão”, e ele confirmou.

O segundo vídeo mostra o exato momento em que a vítima era executada com uma faca de cabo branco. Os autores do crime fazem alusão à facção da qual fazem parte, comemorando a morte a afirmando que lá eram “3”. Ao menos quatro elementos estavam na cena do crime. Um cortava o pescoço da vítima, outro filmava e um terceiro apenas justificava que a morte era pela vida dos seus irmãos.

Ao fundo é possível ouvir que o motor de uma motocicleta foi ligado e o veículo sai do local. Além disso, também tem marcas de pneus de carro. Ainda na manhã de ontem, sem saber de nada, a mãe da vítima procurou a Delegacia para registrar o Boletim de Ocorrência (B.O) sobre seu desaparecimento. “Eu fiquei sabendo porque o pai dele viu as fotos na internet e me avisou. Eu já tinha ido até a Delegacia para fazer o B.O sobre o desaparecimento e, quando cheguei em casa, o pai dele me deu a notícia”, relatou a mulher.

Ainda segundo a mãe, Josué saiu de casa às 15h30 da segunda-feira, 15, e não foi mais visto pelos familiares. “Passei a noite toda acordada, esperando ele chegar, e não voltou. Fui até a Delegacia para ver se achavam meu filho e ele já estava morto. Meu filho saiu de casa para vender umas latinhas para comprar pão para merendar. Meu filho nunca foi preso, nunca tinha feito mal a ninguém e eu quero saber porque fizeram mal para ele”, explicou.

O corpo foi encontrado na região do balnerário Urubuzinho (Foto: Aldenio Soares)

A dona de casa ressaltou que no momento em que o filho saiu de casa, ela dormia. “Ele deu o recado para o primo que iria vender as latinhas. Quando eu acordei, depois da chuva, ele já não estava mais em casa. Eu ainda perguntei por ele. Ele saiu numa bicicleta e até agora não sei onde a bicicleta está”, revelou.

A mãe ainda tentou ir ao local onde o corpo foi encontrado, mas depois de ser informada por familiares de que o rabeção já tinha feito a remoção até o Instituto de Medicina Legal (IML), mudou a rota e foi fazer o reconhecimento, onde confirmou que o cadáver era do filho. Ao fim dos procedimentos legais, fez a liberação do corpo para funeral e sepultamento. “Eu não sei quem fez isso, não sei nem por que fizeram isso. Ele não trabalhava, só estudava. Depois que eu me acalmar, vou procurar a Polícia para saber por que mataram meu filho. Quero justiça”, disse aos prantos.

Quem encontrou o corpo foi um morador da região. Ele disse que em mais de um ano morando próximo ao balneário, foi a primeira vez que viu um corpo ao lado da estrada. “Agora eu fiquei com medo de andar por aqui. É mais seguro ir pela RR [205]”, enfatizou.

INVESTIGAÇÃO – As primeiras informações da Polícia são de que um carro de passeio chegou ao local e os bandidos desembarcaram a vítima, praticaram o crime e fugiram. Pela cor do sangue que ainda estava fresco e por outras características do corpo, suspeita-se que entre a morte e o achado do cadáver havia se passado apenas três horas.

Uma viatura que fazia patrulhamento pelo Vila Jardim, bairro Cidade Satélite, foi acionada e, após chegar ao local, isolou a área para realização do trabalho da Perícia Criminal e dos agentes da Delegacia Geral de Homicídios (DGH). O rabecão fez a remoção do corpo. No IML, a família relatou que a vítima sofria de deficiência mental, não era membro de facção e nem usuário de entorpecentes. (J.B)