Passava das 8h dessa sexta-feira, 23, quando o caso relacionado à morte da adolescente Laura Rosa Macedo Marinho, de 17 anos, chegou ao fim. A única peça do quebra-cabeças que faltava para a polícia era o corpo da jovem e ele foi encontrado numa área de mata, no loteamento João de Barro. A vítima foi decapitada ainda com vida e enterrada numa cova rasa, embaixo de algumas árvores.
Em coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, a Polícia Militar esclareceu sobre as ações que resultaram no achado do cadáver da vítima. “Fazemos questão de ressaltar que essa ocorrência tem aproximadamente cinco dias, mas havia a necessidade de encontrarmos o corpo, tanto no aspecto legal, para materializar o homicídio, como para dar uma resposta à família e à sociedade”, explicou o comandante geral da Polícia Militar, coronel Elias Santana.
Durante toda a semana, a PM manteve contato com os familiares que viviam a angústia de não conseguir localizar o corpo. “Durante todos esses dias, vasculhamos uma área extensa, inclusive fizemos uso do drone, e todas as informações que recebemos foram checadas. Foram cinco dias de buscas que eram cessadas apenas no período da noite, por conta da pouca visibilidade no terreno”, acrescentou Santana.
Na noite da quinta-feira, 22, a equipe policial recebeu informação mais aprofundada e, na manhã de ontem, 23, as buscas foram realizadas numa área que já tinha sido percorrida durante a semana. Com auxílio de cães farejadores e amigos da família, o grupo conseguiu achar o corpo após observarem indícios de que o terreno foi “mexido”. Bombeiros também compareceram ao local e fizeram o resgate do cadáver fazendo uso de enxadas e outras ferramentas. O pai da vítima fez reconhecimento do corpo, assim também como das vestes.
Conforme o coronel Magalhães José Damasceno, comandante do CPC (Comando de Policiamento da Capital), só foi possível encontrar o corpo de Laura Rosa porque na quinta-feira a PM obteve informações de um denunciante anônimo.
PROMESSA CRIMINOSA – Também havia a informação de que os integrantes da facção responsável pelo crime diriam para a família onde o corpo poderia estar, após cinco dias, mas, segundo a Polícia, a recomendação que deu à família foi para que não se deixasse seduzir pelas propostas dos criminosos e até mesmo evitasse atender ligações. “Porque no afã de encontrar o cadáver da filha, o pai poderia ser atraído para uma armadilha. Nós procuramos apoiar a família e todas as informações que chegaram ao pai, nós recebemos e checamos pessoalmente”, ressaltou o comandante geral.
Quanto ao questionamento que muitos populares fizeram sobre o fato da Polícia não ter conduzido os autores do crime até o local onde enterraram o corpo, para que o caso não se estendesse tanto, o comandante do Bope, capitão Araújo, justificou que, “ainda durante as diligências na ação da noite da segunda-feira [20], as guarnições chegaram a conduzir os elementos envolvidos até a região onde o corpo estaria, porém, como já era noite, no local extenso e escuro, não encontramos e resolvemos apresentar os envolvidos na Delegacia. A partir do momento do flagrante, aqueles indivíduos passaram a ser de responsabilidade da Polícia Civil. Aí nós perdemos a autonomia de pegar o preso e conduzi-lo ao local das buscas. Depois que os envolvidos foram conduzidos para audiência de custódia, a responsabilidade passa a ser da Justiça”, enfatizou.
Por fim, o coronel Elias Santana salientou que toda ação policial precisa ser pautada no princípio da legalidade. “A linha que separa o legal do ilegal é tênue. As nossas buscas por esclarecer os fatos têm os limites discricionários da lei. Buscamos fundamentar as prisões para que as pessoas continuassem presas. Não tinha como obrigar os infratores a apontar o lugar onde o corpo estava, porque é possível que nem eles mesmos soubessem. Mesmo durante o dia nós tivemos dificuldade para chegar porque é relativamente complexo. À noite é quase impossível, pois é local de mata. Temos que tomar cuidado para não violarmos os princípios da lei”, concluiu. (J.B)
IML confirma que corpo e cabeça são da adolescente
O corpo de Laura Rosa Macedo Marinho foi liberado para sepultamento ontem à tarde (Foto: Divulgação)
Assim que o corpo de Laura Rosa Macedo Marinho foi retirado da cova, na manhã de ontem, 23, a Polícia Militar acionou a Perícia Criminal, agentes da Delegacia Geral de Homicídios (DGH) e Instituto de Medicina Legal (IML). Ao fim dos procedimentos técnicos, o cadáver foi removido do local para ser submetido a exame de necropsia.
Peritos papiloscopistas do Instituto de Identificação Odílio Cruz (IIOC) confirmaram, por meio das impressões digitais, que o corpo era de Laura Rosa, enquanto a cabeça foi examinada pelos odontolegistas que também confirmaram ser da adolescente após exame da arcada dentária. O corpo foi liberado para a família no fim da tarde de ontem, a fim de que pudessem fazer o funeral e o sepultamento.
O caso continua sob investigação da Polícia Civil, que disse ter pelo menos mais quatro elementos que estão diretamente envolvidos no homicídio. Eles devem ser presos nos próximos dias. O caso ganhou repercussão em todo o Estado devido às circunstâncias e à dinâmica da morte.
A família da adolescente está sendo ameaçada pelos criminosos, por isso a Polícia não deu informações que possam revelar o endereço de onde vivem e nem mesmo os nomes dos pais e da irmã.
O CASO – Laura Rosa Macedo Marinho desapareceu na noite do domingo, 18, e na tarde da segunda-feira, 19, os policiais tomaram conhecimento de que ela estaria em cárcere, sendo julgada pelo “Tribunal do Crime” numa residência que fica no bairro Caranã. Quando a guarnição chegou ao local, encontrou apenas a proprietária do imóvel e outros dois suspeitos.
Os três foram presos e questionados sobre a vítima. Ambos contaram que ela estava morta e apontaram os demais envolvidos na ação. No total, seis pessoas foram presas e outros dois morreram em confronto com a Polícia Militar no Residencial Vila Jardim. A vítima e a irmã dela foram convencidas a sair para comer um lanche na companhia do indivíduo com quem Laura Rosa mantinha relacionamento, no entanto, ambas foram levadas para o local do cativeiro. Apenas a irmã da vítima foi libertada. (J.B)