Polícia

Adolescente quebra silêncio e denuncia estupros do padrasto

A jovem contou que era ameaçada pelo padrasto que dizia que se ela falasse com algum garoto, mataria todos da casa, inclusive as crianças


As escolas têm um papel fundamental na resolução de conflitos familiares, inclusive no esclarecimento de crimes praticados contra alunos. Uma estudante, de 14 anos, denunciou o padrasto na tarde da quinta-feira, dia 23, depois de assistir a uma série de palestras e ter acesso a conteúdos acerca dos crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, alusivo ao dia nacional de combate a crimes desta natureza.

A denúncia foi direcionada aos servidores que atuam na Unidade de Ensino, localizada no bairro Santa Tereza. Aos prantos, a vítima contou que seu padrasto, de 31 anos, lhe abusa desde que ela tinha 10 anos, portanto, há quatro anos convive com o sofrimento físico e psicológico, uma vez que sofre ameaças constantes. A família inteira é de imigrantes venezuelanos.

Quando foi atacada pela primeira vez, a menina informou que o padrasto mostrou filmes pornográficos, e ela chegou a procurar sua mãe para denunciar, mas não recebeu a devida atenção, uma vez que nenhuma atitude foi adotada. Fortalecido, o homem passou a praticar os abusos sexuais.

A vítima relatou que a casa onde mora com os familiares, na Avenida Ataíde Teive, bairro Nova Canaã, tem apenas um cômodo. A mãe dorme com a avó da criança e o padrasto dorme com ela e seus irmãos menores em outra cama, momento em que aproveita para estuprá-la. Ela confessou que ingenuamente nunca imaginou que fosse crime, considerando que o padrasto disse que até os 18 anos ela deve ficar com ele e só depois deixaria de procurá-la.

A aluna não tem amigos, não anda com os cabelos soltos, nem com roupas decotadas ou acima do joelho porque é proibida pelo homem que diz ter pagado alguém para vigiá-la na escola. Nas ameaças, ela contou ter ouvido o padrasto dizer que, se ela falar com algum garoto, mataria todos da casa, inclusive as crianças. A vítima explicou para os servidores que não suporta mais a tortura psicológica e sexual.

O Conselho Tutelar de Boa Vista foi chamado para atender a ocorrência e conduziu a vítima até a Delegacia para que o registro do caso fosse formalizado e a Polícia Civil tomasse ciência e iniciasse o processo de investigação. A garota revelou que o padrasto é ciumento, violento e se fundamenta de ser o provedor da casa para dizer que todos morrerão de fome se ele for preso. Ela pede proteção para a família por ter medo do padrasto.

O Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NPCA) vai ficar responsável pelo caso. Até o fim da tarde de ontem, dia 24, o suspeito não tinha sido preso. (J.B)