#SemTempo? Confira o resumo da matéria:
O agricultor Cleverson João Jaime Alexandre, de 32 anos, morreu de forma repentina e muito duvidosa. Ele deu entrada no Hospital de Bonfim com dificuldades para respirar e seu quadro de saúde se agravou até a morte. Familiares relataram na Delegacia que a principal suspeita é de intoxicação durante o manuseio de pesticidas e outros combatentes de pragas e que possivelmente o produto danoso tenha sido comprado na Guiana. O delegado Alberto Alencar fez um alerta sobre o caso.
O agricultor Cleveson João Jaime Alexandre, de 32 anos, teve uma morte que requer esclarecimentos. Ele residia na Comunidade Indígena do Sapo, no município de Bonfim, a Leste do Estado, onde trabalhava na lavoura. Na madrugada dessa quinta-feira, dia 09, ele deu entrada no Hospital do município com sintomas graves de um possível envenenamento.
A condição da vítima estava tão agravada que não foi possível fazer sua remoção para Boa Vista a tempo de salvar sua vida. O médico e a assistente social do Hospital solicitaram que fosse realizado o exame cadavérico para confirmação da causa da morte. A família relatou aos funcionários da Unidade de Saúde que Cleveson estaria manuseando produto tóxico nas suas plantações.
A reportagem conversou o delegado titular da Delegacia do Bonfim, Alberto Alencar, confirmando que foi registrado o Boletim de Ocorrência por familiares de Cleveson informando que ele já tinha dado entrada anteriormente no Hospital com problemas de saúde. O corpo foi removido ao Instituto de Medicina Legal (IML) para detectar a causa morte.
“O que acontece é que na plantação dele, fazia uso de veneno. É importante frisar que esses venenos usados por muitos produtores que moram nas proximidades da Guiana são comprados no país vizinho. Eles usam nas plantações sem o devido cuidado. Ele morreu e outros podem ter problemas graves de saúde porque estão fazendo uso de forma aleatória. Quem revelou que ele comprava os produtos na Guiana foram os familiares, então olha o perigo que pode estar acontecendo aqui nas comunidades indígenas, com pequenos agricultores”, enfatizou.
A autoridade policial salientou que o sistema de fiscalização deve apurar se os produtos de procedência duvidosa estão sendo utilizados nos plantios de melancia e de outras culturas. Caso seja confirmado o uso indiscriminado, o consumo da produção deverá ser impedido para evitar riscos de contaminação.
“É uma coisa que está começando a se alastrar, devido à proximidade com a fronteira e facilidade de comprar qualquer produto em Lethem, principalmente veneno para plantação. Quem sabe existem outras pessoas com sequelas. É um nicho de mercado criminoso e é difícil combater. Para se ter ideia, o benzoato de emamectina é proibido no Brasil, mas em compensação é comprado na Guiana e passa para o lado brasileiro, principalmente porque essa região aqui é agrícola, com muitas plantações de arroz, soja, melancia e outros produtos”, revelou.
Por fim, o delegado alertou que nem sempre os pequenos produtores têm técnica necessária para manusear e preparar adequadamente o veneno. “Alguns não usam luva ou roupas adequadas para mexer nesse material, que muitas vezes é importado e de alto poder destrutivo. Provavelmente, daqui algum tempo, teremos pessoas com problemas neurológicos. Já temos informações de pessoas que tiveram problemas enquanto trabalhavam na lavoura e só não morreram porque foram retiradas às pressas do local. É um ato criminoso que deve ser alertado”, concluiu Alberto Alencar.
O laudo do IML, cuja cópia foi entregue à família, deu a causa da morte como desconhecida. O inquérito policial foi aberto para investigação. (J.B)