Na sexta-feira, 13, à noite, na Escola Estadual Maria Sônia de Brito, bairro Senador Hélio Campos, um aluno de 23 anos do 2o ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi barrado de entrar na Unidade de Ensino por conta da calça que vestia, pelo fato de ter detalhes que simulavam rasgado, mas que não tinha qualquer rasgo. A partir daí, travou uma batalha para permanecer no estabelecimento de ensino e transformou o fato em caso de polícia. A vítima enfatizou que não é por ser gay que aceitaria qualquer abuso sem tomar providências.
“Eu fui para a escola com uma calça normal, como um aluno que julgam decente, só que minha calça tem alguns detalhes que são tipo rasgado. Era uma calça azul, camisa branca e tênis. Fui barrado logo na chegada, na portaria. Não me deixaram entrar sob a justificativa de que a roupa não condizia com a roupa de um aluno decente. Eu questionei e o porteiro disse que para entrar teria que esperar o coordenador chegar. Eu esperei e fui conversar com ele que disse que eu não poderia entrar porque minha calça estava rasgada. Eu pedi para me mostrar onde estava rasgado e ele não achou na perna esquerda e viu um fio solto na perna direita e disse que a calça estava toda rasgada. Daí eu mostrei que não tinha nada rasgado e fui para a sala”, relatou.
Após 10 minutos na sala de aula, a vítima disse que o coordenador entrou na sala e pediu que se retirasse porque a calça estava fora dos padrões, mas o jovem afirmou que permaneceria. O homem saiu e depois de 10 minutos chamou o rapaz novamente, mas dessa vez para conversar fora da sala. “Ele disse que iria me dar uma suspensão por estar descumprindo as normas da escola e eu tornei a dizer que não estava descumprindo nada. Ele afirmou que queria me ajudar a terminar o ensino médio e que não pediria para alguém me tirar à força da sala e eu falei que não precisava porque eu não iria sair do mesmo jeito”, reforçou o estudante.
Não satisfeito, o coordenador retornou pela terceira vez, mas dessa vez com a diretora. “Ela entrou toda arrogante, expulsando todo mundo da sala. Era o começo do segundo tempo. A professora já tinha preenchido a metade do quadro, teve que apagar e ficaram na sala apenas eu, ela [a diretora], o coordenador e a professora. Foi quando ela [a diretora] começou a falar alto e dizer que eu não tinha direito de falar, apenas de ouvir. Quase esfregou na minha cara o termo que responsabilidade que assinei e dizia que a calça que eu estava usando era incorreta porque tinha detalhes. Eu questionei onde estava escrito no papel que não poderia usar detalhes. Sem argumento, ela disse com deboche que não daria suspensão porque eu só queria “causar” na escola, mas que no próximo semestre iria barrar minha matrícula”, revelou.
A vítima disse que se sentiu coagida porque a diretora teria abusado de sua autoridade e, diante de todo o constrangimento, decidiu procurar a Delegacia mais próxima para fazer o registro do Boletim de Ocorrência (B.O), foi ao Ministério Público do Estado (MPRR) denunciar o caso e remeteu o B.O para a Secretária de Educação tomar conhecimento dos fatos e adotar as medidas cabíveis. “Estou aguardando uma resposta. Minha mãe foi à Escola para saber o que estava acontecendo e a vice-diretora disse que eu era um aluno indisciplinado. Agora estão dizendo que eu sou um péssimo aluno, não é mais pela calça”, destacou.
GOVERNO – A Seed (Secretaria de Educação e Desporto) informou, por meio de nota, que os estudantes assinam um termo de compromisso no ato da matrícula, o qual consta sobre as vestimentas que devem ser utilizadas no estabelecimento de ensino que são calça jeans azul sem detalhe e farda, além dos horários de entrada e saída, entre outras situações.
A Secretaria esclarece que a Escola Estadual Maria Sônia de Brito realizou um relatório do ocorrido e não impediu o estudante de assistir as aulas. Além disso, não desrespeitou o aluno por conta da orientação sexual. (J.B)