Quase 200 quilos de maconha e cocaína foram apreendidos pela Polícia Federal (PF) até novembro de 2017 em Roraima. O número representa aumento de 195% em relação ao ano passado, quando 65 quilos dos entorpecentes foram confiscados. A média de apreensões de drogas este ano foi de 16 quilos por mês.
Os dados foram solicitados por meio da Lei de Acesso á Informação (LAI) e a partir de um relatório divulgado pela PF, obtido com exclusividade pela reportagem da Folha. Além de maconha e cocaína, foram apreendidos, entre 2015 e 2016, 23 micropontos de LSD e 11 comprimidos de Ecstasy, drogas consideradas alucinógenas. O destaque ficou por conta da apreensão de 24,41 quilos de ‘Skunk’, conhecido como a “supermaconha”, só este ano.
As últimas investigações da polícia apontaram que a cocaína e seus derivados entram no Brasil pela fronteira Norte de Roraima com a Venezuela. Já a maconha vem da Guiana, na fronteira Leste. Uma pequena parte da droga fica na Capital, mas a maior parte segue para as demais regiões do País, principalmente para Estados do Nordeste e Sudeste.
Os narcotraficantes, ainda segundo investigações, também utilizam Roraima como ponte aérea para Europa e países asiáticos. Africanos foram presos no ano passado pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Boa Vista quando carregavam dezenas de cápsulas de cocaína no estômago.
A maioria das rotas utilizadas por traficantes internacionais é por estradas no meio do lavrado, apelidadas de “cabriteiras”, situadas em terras indígenas, onde só a Polícia Federal pode fiscalizar. Nos últimos anos, porém, o aeroporto de Boa Vista também se tornou rota do tráfico porque os traficantes acreditavam que não haveria uma vigilância ou segurança rigorosa que os impedissem de enviar a droga para outros Estados.
PRISÕES – O que chama a atenção é que em todos os casos de apreensões feitas pela Polícia Federal, este ano, os envolvidos no crime de tráfico de drogas são jovens entre 19 e 22 anos, todos nascidos no Amazonas, Estado que faz divisa com Roraima ao Sul.
Ao todo, 51 pessoas foram presas pela PF por tráfico de drogas em Roraima apenas em 2017, sendo 26 por flagrantes e 25 decorrentes de mandados de prisão expedidos pela Justiça. “O trabalho da PF é feito e, quando há prisões, nós prendemos quem transporta a droga, mas quando não conseguimos identificar o transportador nós acompanhamos a entrega do entorpecente e prendemos quem recebe”, disse o delegado da Polícia Federal em Roraima, Alan Robson Ramos. (L.G.C)
Estado é considerado ‘corredor do tráfico de drogas’
Há um ano, a Polícia Federal em Roraima deflagrou a Operação Rota 174, com o objetivo de desarticular a associação criminosa que atuava no tráfico interestadual de drogas entre Roraima e Amazonas. À época, foram presos 26 investigados e cerca de 50 quilos de drogas foram apreendidos.
A investigação apontou fortes indícios de crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, com tráfico de maconha, cocaína, skunk, ecstasy e LSD entre os dois Estados. Desde então, os investigadores apontam que Roraima está sendo utilizado como ‘corredor do tráfico de drogas’. “Normalmente a fiscalização feita pela PF não é ostensiva, não estamos todos os dias abordando, mas sim fazendo atuação de inteligência, em que investigamos passageiros e trânsito suspeito de pessoas, daí o aumento nas apreensões”, explicou o delegado.
Para ele, o crime organizado em Roraima está diretamente ligado ao tráfico de drogas. “Fizemos algumas operações em que prendemos inclusive advogados e agentes públicos que atuavam com o crime organizado”, afirmou.
Após o aumento das apreensões no Aeroporto Internacional de Boa Vista, o delegado informou que o local está deixando de ser utilizado pelos traficantes. “Houve clara diminuição da rota. Continuamos fiscalizando no aeroporto com cães farejadores e nas empresas de transporte de carga e claramente o uso do aeroporto como rota tem diminuído”, frisou. (L.G.C)