TERRA YANOMAMI

Área onde garimpeiros foram mortos tem presença de organizações criminosas, diz PCRR

Na região, ainda, garimpeiros com grupos de segurança armados, indígenas que lá residem e que também estão armados

delegado titular da Delegacia de Alto Alegre e que preside a operação, Wesley Costa de Oliveira (Foto: Ascom/PCRR)
delegado titular da Delegacia de Alto Alegre e que preside a operação, Wesley Costa de Oliveira (Foto: Ascom/PCRR)

A Polícia Civil de Roraima (PCRR) informou que a área em que garimpeiros foram mortos tem a presença de organizações criminosas e está em conflito deflagrado. Uma operação para resgatar os corpos foi coordenada pela PCRR, após os familiares virem a FolhaBV e pedirem ajuda para resgatar os restos mortais.

Além de, Elizangela Pessoa da Silva, de 43 anos, Luiz Ferreira da Silva, de 50 anos, e Josafá Vaniz da Silva, de 52 anos, outros dois garimpeiros Winicios Feitosa de Oliveira, de 21 anos, e Adriano Domingues da Silva também teriam sido mortos na Terra Indígena Yanomami. Segundo ele, foram instaurados inquéritos policiais para esclarecer esses dois eventos criminosos.

“Essa região é uma área em que temos extrema dificuldade de atuar. Na região nós já identificamos a ocorrência de organizações criminosas, garimpeiros com grupos de segurança armados, indígenas que lá residem e que também estão armados. Isso resulta, vez por outra, em conflitos entre esses diversos atores, gerando muitas vezes esses eventos de mortes, de massacres, com duas, três ou mais vítimas”, disse o delegado titular da Delegacia de Alto Alegre e que preside a operação, Wesley Costa de Oliveira.

HOMICÍDIOS

O primeiro caso foi registrado no dia 4 de fevereiro por familiares de José Winicios Feitosa de Oliveira e Adriano Domingues da Silva. Foi relatado que os dois estavam próximos à Pista da Pupunha, em Terra Yanomami, e desde o dia 28 de janeiro não davam notícias. Posteriormente os familiares receberam a informação de que ambos teriam sido assassinados, mas não sabiam detalhes do que poderia ter ocorrido.

O segundo caso foi registrado por familiares de Josafá Vaniz da Silva, Luiz Ferreira da Silva e Elizangela Pessoa da Silva. Segundo relato, os garimpeiros teriam sido mortos em um suposto ataque de indígenas, ocorrido por volta das 15h de 8 de fevereiro, em uma área de garimpo entre a localidade de Parima e Dicão.

“Nessas duas áreas, são locais de crime em que ocorreram homicídios, que mesmo sendo em terra indígena, a Polícia Civil está cumprindo sua atribuição de investigar, e neste caso, por meio da Delegacia de Alto Alegre”, explicou.

Segundo o delegado, a área dos dois conflitos é de difícil acesso, e por isso, a necessidade de deslocamento aéreo para a região.

“Em relação às duas ocorrências de homicídios, as equipes estão no local de operação, fazendo as diligências necessárias para resgatar esses corpos e, também, realizam diligências investigativas, colhendo depoimentos, colhendo informações, realizando perícias que podem esclarecer quem foram os autores desses homicídios”, disse.

Josafá, Elizangela e Luiz teriam sido mortos na última quinta-feira, 8 (Foto: Arquivo Pessoal)

OUTRA OPERAÇÕES

Segundo o delegado, ano passado a Polícia Civil coordenou uma operação similar, com o resgate de dois corpos.

“Naquela ocasião esses corpos foram enterrados em covas rasas, mas em razão do material onde eles foram enterrados, estavam extremamente conservados. E, diante dessa conservação, mesmo após 30 dias da ocorrência dos crimes, foi possível identificar facilmente os corpos e, em seguida, foram liberados para a família”, lembrou.

Com relação aos cinco corpos que estão em processo de resgate, o delegado disse que somente com a conclusão dos trabalhos será possível informar.

“A gente não sabe, nesse caso como estão esses cinco corpos, pois não sabemos o grau de conservação deles. Somente quando forem encaminhados ao Instituto de Medicina Legal, poderemos ter um quadro de como será feita a identificação oficial deles.

Após a recuperação desses corpos nós vamos fazer a identificação. A identificação oficial das vítimas vai depender de como estão conservados os corpos. Se houver uma boa conservação dos corpos, será um serviço rápido. Se houver uma deterioração dos corpos, aí vamos ter de recorrer a técnicas mais avançadas de identificação, como DNA e outras”, explicou.

OPERAÇÃO DE RESGATE DOS CORPOS

Desde sábado, 17, a Polícia Civil vem coordenando uma operação para resgatar os corpos de garimpeiros. Houve uma reunião de alinhamento com as equipes de segurança no sábado, e no domingo, 18, teve início a remoção das equipes de Boa Vista para a região do Surucucu.

Nessa segunda-feira, dia 19, mais uma equipe foi deslocada até a região, em uma operação de segurança considerada complexa, de risco e que deve perdurar durante toda a semana.

Participam da operação equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, do Exército, por meio do CMA (Comando Militar da Amazônia), da Marinha e da Força Aérea Brasileira.